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“Melhor escola de programação do mundo” chega a Portugal (sem aulas, nem horários e 100% gratuita)

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A 42, considerada “a melhor escola de programação do mundo”, chega a Lisboa com a ajuda de um grupo de mecenas que garantem o ensino gratuito. O projecto promete ser revolucionário no contexto nacional, apresentando-se como uma escola “sem aulas”, “sem horários”, “100% gratuita” e com emprego garantido.

A escola internacional de programação 42 abriu as candidaturas para acolher os seus primeiros alunos em Portugal. Feitas online no site oficial da escola, estas candidaturas só exigem que os inscritos tenham, pelo menos, 17 anos, mas não exige experiência prévia, nem tão pouco formação específica na área da programação informática ou da computação.

Com um modelo de formação inovador “sem aulas”, “sem horários” e com o ensino “100% gratuito”, como se nota no site da 42 Lisboa, a Escola chega a Portugal graças a um grupo de mecenas, tendo como “pais fundadores” o Banco Santander, a Vanguard Properties e a empresária e filantropa sino-americana, Ming Hsu.

O financiamento inicial para os primeiros cinco anos da 42 Lisboa será de sete milhões de euros, um valor que, segundo um comunicado da escola, servirá para cobrir os custos da operação, gerida pela 101010 Portugal, uma associação sem fins lucrativos criada com a única missão da gestão do estabelecimento no nosso país.

O projecto da 42 Lisboa, liderado por Pedro Santa Clara, um dos responsáveis do novo campus da Nova SBE em Carcavelos (Cascais), vai ocupar o edifício de uma antiga tipografia da Penha de França.

Esta não é uma escola comum. Além de ser gratuita para todos os alunos, que não precisam de ter qualquer formação prévia na área da computação e da programação, não segue o formato tradicional de aulas, não define horários e está aberta todos os dias da semana e a qualquer hora.

O modelo de aprendizagem assenta na lógica do desenvolvimento de projectos e da aprendizagem entre pares, promovendo também o espírito de comunidade e a responsabilidade pelo outro.

Por outro lado, este não é um curso como os outros, uma vez que não é reconhecido pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, nem pelo Ministério da Educação e, por isso, a sua conclusão não equivale a qualquer grau académico, mas nem por isso deixa de ser reconhecida internacionalmente como uma referência no ensino da programação.

“Na 42 Lisboa os alunos aprendem a aprender”

“A pandemia veio reforçar a certeza de que o futuro da nossa economia depende da competência e da inovação digital e Portugal tem um défice muito grande na formação de profissionais de qualidade, pelo que a 42 Lisboa nos parece absolutamente urgente”, salienta o director da escola, Pedro Santa Clara, em declarações ao Diário de Notícias (DN).

“Em 2019 assistimos à saída de Portugal da Zalando, uma das maiores plataformas europeias de moda online, depois de ter investido 3 milhões no primeiro ano de operações e só ter conseguido 20 dos 150 profissionais que precisavam de contratar”, refere ainda Santa Clara, realçando o interesse da 42 Lisboa em dar um “contributo importante na formação digital avançada” do país.

Na 42 Lisboa os alunos aprendem a aprender, a encontrar soluções para problema complexos”, explica ainda o director da escola no DN, reforçando que “o programa não desenvolve apenas as competências técnicas de um programador, mas também a capacidade de superação, de resolver problemas complexos e de trabalhar em equipa, num modelo de ensino que replica o ambiente profissional”.

Santa Clara destaca ainda que a proximidade com as empresas é “o melhor trunfo desta formação”.

Além do grupo de mecenas, a 42 Lisboa tem como parceiros a bi4all, o empresário Luís Amaral e a família Alves Ribeiro, assim como a Fundação José Neves como ‘Education Partner’.

A introdução ao curso é feita através de um bootcamp de 28 dias, em que serão seleccionados os candidatos.

Os interessados devem candidatar-se online e fazer dois testes de raciocínio lógico e de competências de trabalho sob pressão.

“O primeiro teste dura 10 minutos, seguido de outro teste de duas horas e 48 horas, depois os candidatos sabem se passam ou não à fase seguinte – um bootcamp de um mês conhecido como a Piscine. Quem ‘aprender a nadar’ está pronto a entrar no programa 42″, explica ao DN o director da Escola.

Os candidatos seleccionados vão frequentar um programa composto por 21 níveis que os alunos podem completar num período máximo de 5 anos, com a possibilidade de passarem por qualquer uma das mais de 25 escolas 42 que existem no mundo.

Depois de concluírem os primeiros sete níveis, todos os alunos integram um primeiro estágio de quatro a seis meses.

Terminada a primeira experiência profissional, os alunos seguem para uma fase de especialização numa área à sua escolha, de onde partem, depois, para um último estágio de seis meses.

A primeira 42 foi fundada em 2013, em Paris, e desde então o projecto estendeu-se a 19 cidades do mundo. Além da nova escola em Lisboa, está prevista a abertura de outras nove até ao final de 2020.

ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Formação de profissionais de Informática ao nível de software, a serem pagos a preço de saldo visto que não irão ter qualquer grau académico.

    Muito bom para quem queira integrar uma empresa que não quer pagar o que deve por pessoal especializado.

    • Pois, o que não faltam são pessoas com grau académico que não sabem um chavo.
      As empresas não os querem porque não produzem nada e não têm competências.
      Normalmente, os que têm bons contactos (cunhas…), acabam na função pública, com bons salários, porque se trata de profissionais (?) com formação superior…
      Uma pedrada no charco, para agitar estas águas chocas, de facto é uma boa notícia!

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