As 19 operações policiais que decorreram no domingo à noite em Bruxelas saldaram-se em 16 detenções, mas o suspeito mais procurado, Salah Abdeslam, não foi encontrado.
Numa conferência de imprensa, em que não houve lugar a perguntas, o porta-voz disse que foram levadas a cabo 19 operações, em sete comunas da região de Bruxelas, de que resultou a detenção de 16 pessoas, mas nenhuma delas é Salah Abdeslam, identificado como um autores dos atentados de dia 13, em Paris.
Não foram apreendidas armas nem explosivos nas diligências levadas a cabo por unidades especializadas em combate ao terrorismo nas comunas de Molenbeek, Anderlecht, Jette, Schaerbeek, Woluwé-Saint-Lambert e Forest, a que acrescem outras três em Charleroi (a 50 km da capital belga).
Um dos detidos esta noite foi o condutor de um veículo que tentou abalroar a polícia e foi ferido por disparos das autoridades, em Molenbeek, mas o porta-voz da procuradoria salientou não se saber ainda se está relacionado com um ato terrorista.
As autoridades belgas decidiram manter esta segunda-feira o nível de alerta máximo na capital belga, por considerarem que permanece a “ameaça séria e iminente” de ataques terroristas, anunciada pelo primeiro-ministro belga, Charles Michel.
Deste modo, todas as linhas de metro continuam encerradas e as escolas da região fechadas, o que se aplica também às universidades e escolas superiores, estando prevista uma nova avaliação da situação da parte da tarde.
“Tudo está a ser feito para que possamos retomar uma vida normal”, garantiu repetidamente o primeiro-ministro.
As instituições europeias decidiram levantar o nível de alerta de amarelo para laranja e todas as reuniões não essenciais foram canceladas, mantendo-se, no entanto, o Conselho de Ministros das Finanças da Zona Euro (Eurogrupo), com a participação de Maria Luís Albuquerque.
A decisão de manter Bruxelas sob o nível máximo de alerta foi tomada depois de uma reunião realizada ao fim da tarde de domingo pelo Conselho de Segurança Nacional, para avaliar a adaptação das medidas de segurança em função da reanálise do grau de ameaça levada a cabo pelo Órgão de Coordenação e Análise de Ameaças e pelo centro de crise.
Belgas respondem a terroristas com gatinhos
Depois do vários apelos da polícia para não partilhar informações nas redes sociais sobre as operações antiterrorismo que decorriam em Bruxelas, muitos belgas não só respeitaram o pedido como o fizeram com humor.
As redes sociais, sobretudo o Twitter e o Facebook, inundaram-se de fotografias de gatos, seguidas da etiqueta #BrusselsLockdown, como resposta aos terroristas.
A polícia federal belga tinha apelado à comunicação social e à população em geral para não divulgar detalhes que pudessem comprometer essas operações, tanto que alguns dos principais jornais, como o Le Soir, o L’Avenir ou o L’Echo, decidiram suspender temporariamente a cobertura noticiosa das operações, prometendo um balanço oficial para mais tarde.
A agência de notícias espanhola EFE conta que “Mantém a calma e ‘twita’ um gato” foi o slogan com que começou esta resposta nas redes sociais, que acabou por substituir os detalhes das operações policiais que os cidadãos estavam a partilhar na Internet por ironia e fotografias fofinhas.
A polícia belga reagiu hoje de manhã à atitude dos belgas e agradeceu na mesma moeda. “Aos gatos que nos ajudaram esta noite… Sirvam-se”, disse a polícia no Twitter com a fotografia de uma taça de comida para gato.
ZAP / Lusa