Uma nova pesquisa aponta a aversão a animais periogosos e a doenças de pele como as causas evolutivas para a tripofobia.
A tripofobia, uma aversão a padrões de pequenos buracos, tem intrigado tanto o público como os cientistas. Embora possa parecer estranha ou trivial, a tripofobia afeta uma parte significativa da população.
Um estudo recente publicado na revista Evolutionary Psychological Science aponta duas explicações evolutivas principais: a hipótese do animal perigoso e a hipótese de evitar doenças de pele.
A hipótese dos animais perigosos postula que as reacções tripofóbicas evoluíram para ajudar os seres humanos a evitar animais perigosos. Muitas criaturas venenosas, como certas cobras e aranhas, têm padrões que se assemelham a grupos de buracos.
Estes padrões desencadeiam respostas neurais semelhantes nos seres humanos, o que sugere um mecanismo inato de evitamento. Os antepassados que reconheciam e evitavam rapidamente estes animais perigosos tinham uma vantagem de sobrevivência, podendo transmitir esta caraterística ao longo das gerações.
Esta hipótese é apoiada por investigações que demonstram que os padrões tripofóbicos, tal como os dos animais venenosos, provocam um aumento da negatividade posterior precoce – uma resposta neural associada ao processamento automático de informação visual ameaçadora.
Esta resposta indica que a aversão pode estar profundamente enraizada nos nossos circuitos neuronais, tendo evoluído para melhorar a sobrevivência em ambientes com criaturas venenosas.
A hipótese de evitar doenças de pele oferece outra perspetiva, sugerindo que a tripofobia evoluiu para ajudar os seres humanos a evitar doenças infeciosas. Muitas doenças de pele e ectoparasitas criam padrões que se assemelham a grupos de buracos.
Esta hipótese é apoiada por estudos que relacionam as reacções tripofóbicas com o nojo, uma emoção primária envolvida na evitação de doenças.
Os indivíduos com maior sensibilidade à repugnância relacionada com os agentes patogénicos têm maior probabilidade de sofrer de tripofobia, o que indica que o medo dos buracos está ligado a mecanismos desenvolvidos para proteger contra as doenças, explica o Psy Post.
Apesar da sua prevalência, a tripofobia não é oficialmente reconhecida nos principais manuais de diagnóstico, como o DSM-5.
Os autores defendem que os comportamentos significativos de angústia e evitamento observados em indivíduos tripofóbicos justificam o seu reconhecimento como uma fobia legítima. Embora alguns investigadores debatam a sua classificação como uma “verdadeira fobia”, as provas sugerem que preenche muitos critérios de diagnóstico para fobias específicas.
O debate centra-se na questão de saber se a tripofobia causa sofrimento clinicamente significativo ou se prejudica a vida social, profissional ou outras áreas importantes do funcionamento.
Os autores sublinham que muitos indivíduos tripofóbicos referem um desconforto intenso e comportamentos de evitamento que interferem com a vida quotidiana, o que indica um impacto substancial.