A denúncia foi feita pelo sindicato de guardas prisionais há mais de dois anos, mas a investigação ainda não foi concluída.
A Inspeção-Geral dos Serviços de Justiça (IGSJ) ainda não conseguiu finalizar uma auditoria que se iniciou há dois anos sobre o funcionamento do Hospital Prisional São João de Deus, em Caxias. A análise concentra-se em averiguar as denúncias de que médicos e enfermeiros, alguns em regime de avença, poderiam estar a trabalhar em consultórios privados durante o horário de serviço destinado ao hospital.
O Hospital, localizado no concelho de Oeiras, tem estado sob o escrutínio do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP), que expressou preocupações não apenas com a demora da auditoria, mas também com a gestão das instalações, avança o Jornal de Notícias.
Segundo o sindicato, há um número significativo de camas vazias no hospital, o que leva ao internamento de reclusos em unidades de saúde civis, aumentando a pressão sobre os recursos de segurança e ocupando guardas que seriam necessários em outras funções nas prisões.
Frederico Morais, dirigente sindical, manifestou descontentamento com a demora: “Ao fim de dois anos, não há resultados apurados, enquanto os processos contra guardas prisionais são resolvidos com muito mais rapidez.”
O Hospital Prisional São João de Deus, projetado para acolher 195 reclusos doentes, tinha uma taxa de ocupação de apenas 65,1% no final de março, hospedando 127 internos. Estes números contrastam com a alegação do sindicato de que há uma subutilização deliberada das instalações.
A situação é complicada pela estrutura de pessoal do hospital. De acordo com a Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), o hospital emprega 14 médicos de várias especialidades e 90 enfermeiros, com uma proporção considerável desses profissionais contratados em regime de avença.
A DGRSP salienta que, apesar das alegações, há médicos em escala de prevenção que se deslocam ao hospital sempre que necessário, assegurando a cobertura médica.