Investigadores da Universidade do Arizona identificaram um potencial avanço no tratamento dos sintomas cognitivos da doença de Parkinson.
Embora os medicamentos existentes se concentrem principalmente no controlo dos sintomas motores, como tremores e rigidez, atualmente não há tratamentos eficazes para o declínio cognitivo que afeta até 70% dos doentes de Parkinson em fases mais avançadas da doença.
A equipa da universidade norte-americana está a investigar um composto chamado PNA5, desenvolvido pela professora de fisiologia Meredith Hay. Os resultados publicados este mês na revista Experimental Neurology sugerem que o PNA5 pode ter um efeito protetor nas células cerebrais em animais.
Acredita-se que o comprometimento cognitivo na doença de Parkinson esteja associado à inflamação crónica no cérebro. A microglia, as células imunitárias responsáveis pela defesa do cérebro contra lesões ou infeções, pode tornar-se hiperativa nos doentes de Parkinson.
Esta sobreativação leva a uma libertação excessiva de químicos inflamatórios, que danificam o tecido cerebral circundante, particularmente em áreas críticas para a memória e a aprendizagem.
Kelsey Bernard, autora principal do estudo, explicou que o PNA5 parece suprimir esta resposta imunitária hiperativa, reduzindo os químicos inflamatórios nocivos e limitando a perda de células cerebrais.
Ao reduzir a atividade da microglia, o PNA5 aproxima estas respostas imunitárias do seu estado normal, protegendo potencialmente o cérebro de mais danos, escreve o Futurity.
A conceção do composto torna-o especialmente promissor. Desenvolvido através de pequenas modificações a uma substância química produzida naturalmente pelo organismo, o PNA5 pode entrar eficazmente no cérebro e permanecer ativo durante períodos mais longos.
Esta abordagem poderá torná-lo uma ferramenta valiosa não só para a doença de Parkinson, mas também para outras formas de demência, como a doença de Alzheimer e a demência vascular, que Hay também está a investigar.
Apesar da ser promissor, o PNA5 não é uma solução autónoma, devendo ser complementado com outros tratamentos destinados a controlar os sintomas motores.
“Vão existir outros medicamentos que apoiam outros aspetos da doença de Parkinson. A beleza do cérebro é a sua interconexão, mas isso também aumenta a complexidade”, explica a coautora do estudo Lalitha Madhavan, em comunicado.