Maternidades do SNS perderam mais de 15 mil partos em dez anos. Só há uma exceção

A Região de Lisboa e Vale do Tejo é das áreas com maior quebra nas maternidades e tem seis que ficam a menos de 20 minutos entre si.

Os hospitais públicos da Região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) perderam 6.500 partos só na última década. É das áreas do país com maior redução de nascimentos no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

A área representa 40% do total das perdas a nível nacional — cerca de 15 mil partos a menos — com um total de 13 maternidades públicas, seis das quais estão na margem norte e encontram-se a menos de 20 minutos entre si.

Os dados foram fornecidos pela comissão que está a estudar a reorganização da rede de referenciação hospitalar de saúde materna, a pedido da ex-ministra Marta Temido.

O grupo, liderado por Diogo Ayres de Campos, reuniu esta quarta-feira para definir os últimos pormenores da proposta que deverá ser entregue nos próximos dias. O fecho de urgências e a concentração de serviços para colmatar a falta de médicos em LVT é uma das soluções propostas, avança o Jornal de Notícias.

No entanto, LVT continua a ser a região do país onde nascem mais bebés (com cerca de 24.500 previstos para 2022) e a que tem mais dificuldades em assegurar o funcionamento permanente dos serviços de urgência e blocos de partos.

Comparando à Região Norte (com 21.600 partos previstos este ano), a LVT tem o mesmo número de maternidades — 13 — e menos 18 médicos especialistas em ginecologia e obstetrícia, e internos da especialidade.

As regiões Norte e Centro foram as que perderam menos partos nos últimos dez anos, tendo reduzido 17% e 18,3%, respetivamente. No Alentejo nascem menos de 850 bebés, mas regista a quebra mais acentuada em termos percentuais — 27%.

A redução dos partos no SNS na última década verificou-se em todo o país e em todas as maternidades, com exceção de uma: a do Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, onde estão previstos 1.623 nascimentos em 2022, em comparação a um máximo de 1.621, registados num dos últimos dez anos.

A quebra está ligada à diminuição da natalidade e ao crescimento dos hospitais privados, especialmente em LVT. O investimento dos grandes grupos de saúde na região também permitiu a transferência de dezenas de médicos, que conseguiram melhores remunerações e condições de trabalho.

Os dados mostram grandes assimetrias na rede de serviços de ginecologia e obstetrícia entre o litoral e o interior. Há várias unidades com menos de mil partos por ano — Bragança, Famalicão, Guarda, Covilhã, Castelo Branco, Portalegre e Beja — mas cujas distâncias justificarão manter as portas abertas.

Já nas zonas com maior densidade populacional, as distâncias encurtam. Em Lisboa e Vale do Tejo, por exemplo, a rede tem seis locais a menos de 20 minutos uns dos outros — hospitais de Loures, Amadora-Sintra, Cascais, S. Francisco Xavier, Maternidade Alfredo da Costa e Santa Maria.

Na região do Norte, há quatro maternidades — Matosinhos, S. João, Gaia e Centro Materno Infantil — a menos de 15 minutos de distância entre si.

ZAP //

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