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“Mataram Maradona”. O que está em jogo no julgamento da morte do craque?

(cv) Youtube

Tribunal vibrou com fotografia de Maradona que mostra o “teatro de horror” momentos após a sua morte. Médicos arriscam 25 anos de prisão.

Arrancou esta semana e deve deve durar até julho o grande julgamento que pretende esclarecer as circunstâncias da morte de Diego Maradona, um dos, senão o maior jogador de futebol de todos os tempos.

Os médicos que tratavam o craque argentino estão a ser acusados de homicídio pela morte de Maradona, aos 60 anos, vítima de um ataque cardíaco em sua casa, a 25 de novembro de 2020, enquanto recuperava de uma cirurgia para remoção de um coágulo sanguíneo no cérebro realizada no mesmo mês.

Os procuradores alegam que a morte de Maradona poderia ter sido evitada e acusam a equipa médica do craque de negligência. Já os arguidos afirmam que Maradona recusou tratamento adicional e deveria ter permanecido no hospital por mais tempo após a operação, em vez de recuperar em casa.

Os médicos acusados podem ser condenados a penas de prisão entre oito e 25 anos, se forem considerados culpados.

De que são acusados os médicos?

À chegada do tribunal para a abertura do julgamento, os arguidos foram alvo de protestos, com alguns manifestantes a chamá-los de “assassinos”.

“O mais importante é entender que eles mataram o Diego. O que fizeram foi assassinato”, afirmou aos repórteres Fernando Burlando, advogado que representa as filhas de Maradona.

Em declaração inicial no julgamento, a acusação disse que pretende apresentar provas “sólidas” de que nenhum membro da equipa “fez o que deveria fazer” no “teatro de horror” que foi o leito de morte do antigo Bola de Ouro.

“Hoje, Diego Armando Maradona, os seus filhos, os seus parentes, as pessoas mais próximas dele e o povo argentino merecem justiça”, afirmou o promotor Patricio Ferrari ao tribunal.

Ferrari exibiu no tribunal uma fotografia de Maradona momentos após a sua morte — com o craque deitado na cama e um grande inchaço na região abdominal — como prova de como Maradona estava a receber tratamento médico inadequado. “Foi assim que ele morreu”, disse entre lágrimas dos familiares do craque, que assistiam na plateia.

Os investigadores classificaram o caso como homicídio por negligência, e alegaram que os acusados estavam cientes da gravidade do estado de saúde de Maradona, mas não tomaram as medidas necessárias para salvá-lo.

A acusação recorre a um relatório em 2021, um ano após a morte de Maradona, baseado nas conclusões de especialistas em medicina e toxicologia, que apontou falhas nos protocolos de tratamento de pacientes em casa.

Quem são os arguidos e o que alegam?

sete arguidos no caso: o neurocirurgião Luciano Luque, a psiquiatra Agustina Cosachov, o psicólogo Carlos Angel Diaz, o médico clínico Pedro Pablo di Spagna, o coordenador de enfermagem Mariano Ariel Perroni, a médica Nancy Edith Forlini e o enfermeiro Ricardo Almirón. Em julho, uma oitava integrante da equipa médica — a enfermeira Dahiana Madrid — será julgada separadamente.

A imprensa argentina tem destacado o papel de dois arguidos no julgamento: Luque — que terá supervisionado a transferência de Maradona do hospital para casa após a cirurgia — e Cosachov — que terá prescrito medicamentos ao antigo jogador.

Segundo a agência AP, o exame de toxicologia de Maradona apontou que o ex-futebolista tomava medicamentos para ansiedade e depressão.

Mais de 100 testemunhas vão prestar depoimento no julgamento e mais de 120 mil mensagens trocadas pela equipa médica de Maradona vão ser reveladas.

Mara Digiuni, a advogada de defesa do neurocirurgião Leopoldo Luque, afirmou que a internação domiciliária foi acordada entre médicos e parentes de Maradona. Segundo ela, não houve irregularidade, pois Maradona morreu de um evento cardíaco “imprevisível”.

O advogado de outra arguida — a psiquiatra Agustina Cosachov — afirmou que “novas provas demonstram que não há responsabilidade criminal pela morte de Maradona por parte de nenhum dos acusados”.

Diego Maradona, considerado um dos maiores jogadores de futebol da história, levou a Argentina à conquista do Mundial de 1986 , com o famoso golo marcado com a “mão de Deus” contra a Inglaterra, nos quartos-de-final.

Durante a segunda metade da sua carreira, Maradona lutou contra o vício nas drogas, nomeadamente cocaína, e foi suspenso por 15 meses após testar positivo para a droga em 1991. Após pendurar as botas, teve problemas públicos com obesidade, drogas e alcoolismo.

A notícia da sua morte deixou o mundo do futebol, especialmente o seu país natal, Argentina, em luto, com milhares de pessoas a fazerem fila durante horas para passar perto do seu caixão no palácio presidencial em Buenos Aires.

ZAP // BBC

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