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Entrevista: “Mas alguém me perguntou se eu queria ir ao teatro?!”

(dr) Teatro do Noroeste - CDV

A pergunta que muitos adolescentes fazem passa agora para o palco. Com autorização para utilizar o telemóvel.

“Mas alguém me perguntou se eu queria ir ao teatro?”

A pergunta que muitos adolescentes fazem, quando vão ver uma peça de teatro inserida normalmente no programa de Português, passa agora para o palco.

A peça chama-se mesmo ‘Mas alguém me perguntou se eu queria ir ao teatro?’. É do Teatro do Noroeste e vai estar estar no Espaço Montemuro – Serões na Serra neste domingo, dia 21 de Maio, às 16 horas.

Os Serões na Serra realizam-se uma vez por mês. Em palco está sempre uma companhia convidada pela organização, explicou Joana Miranda, do Teatro Montemuro, em conversa com o ZAP.

O encenador, e um dos autores, é Ricardo Simões. Que admite que muitos alunos vão ao teatro porque “têm que ir”, porque as escolas decidem.

Quem está no palco tem noção de que há muitos alunos a aparecerem contrariados nas peças, sem motivação. Daí esta “provocação” nesta peça.

Mas a ideia é também abordar o “inconformismo” desta audiência, falando a sua linguagem e tentando que os jovens gostem.

O texto original foi escrito pelo próprio Ricardo, pelos actores Francisco Lima e Rafaela Sá e por Patrícia Alves.

A dramaturgia é inspirada em obras do plano da disciplina Português – entre Saramago, Garrett, Gil Vicente, Pessoa ou Camões.

No próprio espectáculo abordam-se as obras que têm de se estudar em Português: as preferidas, as que não se gostam, as mais problemáticas, comentou Ricardo Simões ao ZAP.

“É um espectáculo muito simples do ponto de vista da representação, despojado. Mas tem uma componente muito interactiva: por exemplo, desafiamos o público a utilizar o telemóvel durante a peça. Os professores dizem aos alunos para não o fazerem, mas repetimos que é mesmo para pegar no telemóvel, naquele momento”, contou.

Em relação aos efeitos criados nos adolescentes nas idas ao teatro, o encenador defende uma “contextualização”, um “crivo pedagógico” e “critério”, antes dessas saídas. Falar sobre o que vão ver e fazer perguntas. Caso contrário, as escolas podem estar a afastar público do teatro.

“Nestas idades, muitas vezes esta é a primeira experiência que têm, de ir ao teatro. Estão numa fase de afirmação, de procura intensa pela sua identidade. Uma coisa é irem ao teatro mais bem preparados, outra coisa é irem ao teatro sem esse cuidado, que pode levar a perguntas como o título deste espectáculo”, sublinha o encenador da companhia de Viana do Castelo.

E, garante, esta peça “desmonta todas estas questões” e tem tido um “efeito muito positivo” entre os alunos, que desfrutam e que se divertem. “Conseguimos agarrar o público”.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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