A liberdade condicional do líder do movimento de extrema-direita Nova Ordem Social, Mário Machado, pode estar em risco devido a apelos de “caça” ao suspeito de matar a tiro um jovem funcionário da discoteca Lick, no Algarve.
Após o homicídio, Mário Machado publicou no Twitter um apelo para que os militantes da NOS capturassem o jovem negro de cerca de 20 anos e não o entregassem à polícia. “Procura-se assassino! Não o entreguem às autoridades se souberem do seu paradeiro enviem-nos mensagem privada”, lê-se na publicação.
De acordo com a revista Sábado, Mário Machado disse ao um jornal de extrema-direita espanhol La Tribuna de España, ter “850 militantes e apoiantes em todo o território português na caça a captura do assassino”. “Queremos capturá-lo antes que a polícia o faça”, disse ainda, mantendo a posição que tem sido partilhada nas redes sociais.
Nos últimos dias, o homícidio da discoteca Lick é um tema constante do Twitter da Nova Ordem Social. Numa das imagens partilhadas, recorda-se que o homicida continua em fuga, ficando por esclarecer se a recompensa financeira que aparece referida é mesmo verdadeira.
Em 2016, o Tribunal Central de Lisboa tinha aplicado ao ex-líder dos hammerskins — uma ala radical e especialmente violenta do movimento skinhead — dois anos e nove meses de prisão por um crime de extorsão dos quais cumpriu pouco mais de um ano. Antes, tinha sido condenado a dez anos de cadeia por vários crimes, mas só cumpriu 5/6 dessa pena. Se ficar provado que violou a liberdade condicional, terá de cumprir cerca de dois anos de prisão.
O Ministério Público abriu um inquérito para investigar a eventual existência de crime de discriminação e incitamento ao ódio e à violência na mensagem publicada nas redes sociais, indicou à Lusa o gabinete de imprensa da Procuradoria-Geral da República (PGR).
O suspeito do homicídio ocorrido no Algarve, no final da semana passada, está em fuga e é procurado pela Polícia Judiciária.
Um jovem de 19 anos pertencente ao staff da discoteca LICK, em Vilamoura, foi mortalmente baleado na madrugada da passada sexta-feira no exterior daquele estabelecimento noturno. Fernando Pacheco, gerente da LICK, revelou à Lusa que o jovem era um colaborador da discoteca que estava à porta a colocar pulseiras de acesso ao espaço. A investigação do caso está a cargo da Polícia Judiciária.