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Marinha precisa de mais 800 pessoas (e está com dificuldade em recrutar)

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marinha.pt

A Corveta António Enes, da Marinha Portuguesa

Faltam cerca de 800 pessoas para se alcançar “um quadro de pessoal equilibrado para aquilo que são as necessidades reais da Marinha”, de acordo com o almirante Mendes Calado.

O Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA), almirante Mendes Calado, assumiu a dificuldade em recrutar “em quantidade e em qualidade”, afirmando que faltam cerca de 800 pessoas para um quadro equilibrado que responda às necessidades da Marinha.

Em declarações aos jornalistas à margem do CONTEX-PHIBEX, o maior exercício naval organizado pela Marinha Portuguesa em 2019, o CEMA admitiu que a maior preocupação em relação à força que comanda é o recrutamento e retenção dos recursos humanos.

“A Marinha tem cerca de 11 mil pessoas, das quais oito mil são militares, e aquilo que nos falta são cerca de mais 800 pessoas, 600 a 800 pessoas. Alguns militares, também alguns civis porque o nosso quadro de pessoal civil também está um pouco envelhecido e a precisar também de ser renovado”, detalhou.

Assim, segundo o almirante, faltam cerca de 800 pessoas para se alcançar “um quadro de pessoal equilibrado para aquilo que são as necessidades reais da Marinha”.

“A Marinha, e julgo que marinhas europeias em geral, estão num processo de grande dificuldade de recrutamento de jovens porque a vida na Marinha não é fácil. Nós vivemos num ambiente, como podem ver, que não é propriamente o ambiente natural para o homem”, justificou.

O afastamento das famílias, filhos e restantes relações pessoais “não é simpático”, prosseguiu o CEMA, que defendeu a necessidade de “criar condições de atratividade na instituição” que faça com as pessoas tenham vontade de escolher a Marinha como um projeto de vida.

E não está a ser fácil. Não está a ser fácil recrutarmos em quantidade e em qualidade as pessoas que as marinhas precisam porque as marinhas são instituições muito tecnológicas, precisam de gente talentosa para poder suportar quer as adversidades do ambiente em que trabalham quer as exigências técnicas que são exigidas para operar esta tipologia de navios”, lamentou.

Uma das formas de inverter esta tendência e conseguir atrair mais pessoas para este ramo das Forças Armadas é, segundo o almirante Mendes Calado, “tentar que as pessoas sejam melhor pagas”.

“Faz parte da nossa ação de chefia poder fazer uma sensibilização neste sentido e houve até recentemente atualizações, por exemplo, nos primeiros níveis de entrada na Marinha, e nas Forças Armadas em geral. Os vencimentos de entrada subiram ligeiramente, um bocadinho também empurrados pelo aumento do salário mínimo nacional e isso depois foi compensado também com uma correção nessa área”, explicou.

Na perspetiva do CEMA “é preciso dar continuidade a este aspeto por forma a que isso seja mais um mecanismo de atração dos jovens para esta profissão militar”.

“A Marinha tem um programa de maior comunicação, chegar aos jovens de uma forma mais aberta e mais franca e mais clara, que lhes permita identificar a Marinha como um caminho para o seu próprio futuro”, acrescentou ainda.

Desde que é comandante da Marinha, garantiu ainda, tem tido a preocupação de “alinhar a matriz de interesses das pessoas em termos profissionais e em termos familiares”. “Dar às pessoas previsibilidade da sua vida. Saber que vão poder ter férias num determinado período do ano e não termos esta utilização aleatória das pessoas como se elas não tivessem depois família em casa”, apontou.

Gerar “ambientes de trabalho com padrões de liderança que permita fazer reforços motivacionais nas pessoas e criar ambientes de trabalho e que elas se sintam perfeitamente enquadradas, felizes e participativas” é outra das estratégias utilizadas, segundo o CEMA.

// Lusa

4 Comments

  1. Tenho uma sugestão no edital de recrutamento façam constar que serão aceitos. Luso Descendentes. Tenho certeza que os de sempre vao reclamar e muito..são os patriotas que reclamam de tudo mas não se candidatam a nada …em suma querem ganhar sem trabalhar…e outros que vão reclamar sao os de sempre..PSD/cds/Pc/enfim os de sempre mas que não dão nenhuma sugestao..so enchem o saco….abcs..a todos..

    • Não há “necessidade” de se candidatarem luso descendentes. O problema é que história nacional ligada a todas as questões ligadas ao mar e tudo o que daí se materializou (expansão ultramarina/sem preconceitos de ordem ideológica) e ainda , na vertente das actividades pesqueiras/comércio marítimo ao longo da nossa secular história,não faz parte da consciência nacional… este é só um dos aspectos! O segundo aspecto a considerar/ acrescentar, é que os nossos jovens não vem na marinha qualquer atracção como saída profissional…simultaneamente e na vertente da marinha mercante, também não vêm uma saída como carreira… Marinha mercante não existe! O mar não é potenciado em termos geopolíticos (valor intrínseco á sua natureza/espaço geográfico… Quando se afundam corvetas da armada (um “atentado á sua história!) para fazer delas recifes/roteiros de mergulho com o beneplácito da própria armada como Instituição Militar (já não comento responsabilidade governamentais ao nível do M.D.Nacional) não entendo a preocupação da Marinha/Armada, em ter tanta dificuldade em recrutar candidatos para a marinha!!! A maioria dos jovens, ganha mais fora da instituição militar do que dentro dela…

  2. agradeço sua explicação e desabafo PaULO Costa…infelizmente e uma pena a M.P (armada) e M.M. (mercante) chegar aonde chegaram…Não adianta querer fazer parte de um Pacto Militar antiquissimo do qual Portugal quase foi um fundador, e fazer das tripas coraçãO poder participar de manobras de treinamento desse pacto algumas com alta tecnologia se não possui ferramentas a altura…ou quase a altura…diria que hoje os compo-
    nentes da M.P. (armada) são verdadeiros herois tecnologicos quase sem ferramentas de trabalho..Enfim quando Portugal acabou com o serviço obrigatorio deveria pensar el algo para compensar e atrair os jovens
    Mulheres e homens e segura-los tornando a M.P . uma Opção Profissional boa atraente enfim fizeram uma verdadeira mixordia nas duas marinhas (armada) e (Mercante)..mas ainda ha tempo de recuperar o perdido.

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