Marcelo defende alinhamento com o Governo. “Não estou arrependido, evitei muitas crises”

Tiago Petinga / Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, conversa com o primeiro-ministro, António Costa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, conversa com o primeiro-ministro, António Costa

Marcelo Rebelo de Sousa garantiu aos jovens da Universidade de Verão do PSD que “em várias circunstâncias circunstâncias houve coincidência entre o resultado das suas apreciações e o que resultaria caso afirmasse as suas convicções pessoas”.

Numa altura em que o Governo de António Costa vive uma das suas maiores crises, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a recusar a ideia de que enveredou numa “política de benevolência e de excesso de compaixão” pelo atual Executivo, apesar de reconhecer que se trata de “uma questão” que o acompanhou “ao longo dos últimos anos”. Em conversa com os alunos da Universidade de Verão do PSD, lembrou que “um presidente, sendo originário de um partido, não é porta-voz desse partido, substituindo do partido, seja ele governo ou oposição”.

Na visão do Presidente da República “não deve alguém, porque tem uma religião, porque pertence a um partido, porque pertence a um clube, porque tem uma afinidade com uma instituição, sobrepor isso à avaliação do interesse coletivo num determinado momento, de acordo com a sua ótima [seja ela] certa ou errada“.

Como tal, garantiu que “em matérias de clivagem muito profunda, eu chamei a atenção em relação a várias iniciativas legislativas para o facto de elas deverem ser repensadas no Parlamento ou apreciadas no Tribunal Constitucional, por entender que tinham aspetos jurídicos que eram de constitucionalidade duvidosa ou porque politicamente, tal como estavam formuladas, eram contraditórias internamente em relação ao que pensava o que era a opinião dominante na sociedade portuguesa”.

Ainda assim, garantiu, reconheceu que “em várias” – não em todas – “circunstâncias houve coincidência entre o resultado das suas apreciações e o que resultaria caso afirmasse as suas convicções pessoas”. E como em equipa que ganha não se mexe, Marcelo assegura que vai continuar “assim“.

O mesmo é válido para as constantes críticas que recebe para o que muitos entendem ser uma exposição mediática excessiva e com muitas intervenções no espaço público sobre os mais variados temas. “Cada um deve ser como é. Eu fui eleito como era e reeleito como era e sou. Mudar seria um desastre, nem era carne, nem peixe. [Pode] correr bem, correr mal… mas sou isso. Sou como um professor: presente, próximo, que procura esclarecer, que corre o risco de se expor. Não estou arrependido, evitei muitas crises.”

O Presidente da República comentou ainda assuntos da ordem do dia – e não só – como a demissão de Marta Temido e a ideia que defende para o Serviço Nacional de Saúde: “uma preferência da forma de gestão do SNS, sempre no quadro público, mais autónoma, mais independente do Ministério da Saúde, uma vez que a forma de dependência direta clássica demonstrou limites na sua eficácia“.

Já sobre a TAP e sobre se os contribuintes devem continuar a subsidiar a companhia, Marcelo devolveu a questão com outras: “quais são as alternativas? Há uma alternativa melhor?” Concluindo que não, prosseguiu. “Estamos a pagar a TAP e, por isso, deve [o governo] ser muito exigente na estratégia de recuperação da TAP, porque é um compromisso europeu, porque custa muito dinheiro aos portugueses e porque tem razão de ser, porque estamos convencidos de que não há alternativa. Porque se houvesse uma alternativa melhor deveria preferir-se a alternativa”.

ZAP //

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