As marcas de carros estão a contar às seguradoras como as pessoas (realmente) conduzem

Relatório com padrões de velocidade, aceleração e travagem. Ao pormenor. Surpresa: o preço do seguro aumentou.

Kenn Dahl, de Seattle (EUA), descobriu que o preço do seguro do carro tinha aumentado 21% em 2022, apesar de ter um registo de condução limpo.

À procura de respostas, foi informado por um agente de seguros que um relatório da LexisNexis – corretora de dados em Nova Iorque que trabalha para a indústria de seguros automóveis – teve um papel decisivo neste aumento.

A pedido de Dahl, a LexisNexis forneceu um detalhado “relatório de divulgação ao consumidor” sob a Lei de Relatórios de Crédito Justo, revelando dados extensivos sobre os hábitos de condução dele e da sua esposa ao longo dos últimos seis meses, incluindo padrões de velocidade, aceleração e travagem – mas não os locais conduzidos.

Os dados, obtidos da General Motors (GM), cobriram 640 viagens feitas no seu Chevrolet Bolt alugado, com o objetivo de ajudar as seguradoras a criar coberturas personalizadas, avaliando o risco de condução.

Esta prática levantou preocupações sobre privacidade e consentimento, salienta o New York Times.

Embora as companhias de seguros tenham encorajado o uso de dispositivos e aplicações para monitorizar o comportamento de condução em troca de preços (potencialmente) mais baixos, a recolha passiva de dados pelos fabricantes de automóveis representa uma nova fronteira.

A GM, entre outros fabricantes, tem recolhido dados através de veículos ligados à internet, por vezes sem o consentimento explícito dos condutores, e partilhando-os com as seguradoras.

As parcerias entre fabricantes de automóveis e corretoras de dados são opacas, com o consentimento dos condutores muitas vezes enterrado em letras pequenas.

Isso levou a situações em que condutores, como as que conduzem certos modelos da GM, vejam os seus prémios de seguro a aumentar sem saberem que estão a ser controlados.

A GM afirma que o seu serviço OnStar Smart Driver é facultativo e enfatiza os benefícios potenciais para os clientes, incluindo a possibilidade de obter cotações de seguros com o seu consentimento.

No entanto, a falta de divulgação clara sobre a partilha de dados com terceiros e as implicações para as taxas de seguro despertaram críticas e preocupações entre consumidores e especialistas jurídicos.

A questão chamou a atenção dos legisladores, incluindo o Senador Edward Markey, que pediu uma investigação federal sobre as práticas, sob preocupações de práticas de negócios injustas e enganosas.

É mais uma dúvida à volta do crescente cruzamento entre tecnologia, privacidade e direitos do consumidor; tudo na era dos veículos conectados.

ZAP //

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