Já sabemos o que são as estranhas manchas que apareceram num códice de Da Vinci

Biblioteca Ambrosiana / Wikimedia

Uma das páginas do Codex Atlanticus.

Há alguns anos, investigadores notaram que umas estranhas manchas começaram a aparecer no Codex Atlanticus, de Leonardo da Vinci. Agora sabemos o que são.

O Codex Atlanticus de Leonardo da Vinci é uma magnífica coleção de 12 volumes do trabalho do polímata italiano que foi cuidadosamente preservada nos últimos 600 anos. No entanto, em 2006, manchas pretas inexplicáveis foram descobertas em algumas das suas páginas, levando os cientistas a preocuparem-se.

Felizmente, estas manchas escuras foram observadas apenas no papel passe-partout que foi anexado ao Codex durante os esforços de restauração do século XX. Ainda assim, a origem das marcas permaneceu um mistério por mais de uma década, deixando os peritos perplexos.

Agora, cientistas da Universidade Politécnica de Milão acreditam ter finalmente resolvido o caso após analisarem uma única página do Codex conhecido como Fólio 843.

De acordo com a VICE, os investigadores usaram técnicas sofisticadas e não invasivas e descobriram que as secções manchadas estão contaminadas com metacinábrio, um composto que contém mercúrio e sulfeto que pode estar associado à cola usada em esforços de restauração anteriores, juntamente com a poluição do ar ambiente.

Os cientistas estudaram o fólio usando imagens de fotoluminescência hiperespectral e imagens de fluorescência UV, que expuseram a presença de várias colas nas margens.

Essas colas foram usadas para ligar os fólios aos papéis passe-partout como parte de um projeto realizado pelo Laboratório de Restauração de Livros Antigos da Abadia de Grottaferrata, entre 1962 e 1972.

Além disso, a equipa detetou pequenas partículas nas manchas que mediam cerca de 100 a 200 nanómetros. Uma análise realizada no European Synchrotron Radiation Facility em Grenoble, em França, revelou que essas partículas são feitas de metacinábrio, que é feito de mercúrio e enxofre.

A cola usada pelos restauradores de Grottaferrata pode conter um sal branco de mercúrio que foi adicionado para prevenir infestações microbiológicas, de acordo com o estudo.

O componente de enxofre também pode ter sido introduzido através de adesivos, embora os investigadores proponham que a poluição do ar possa ter sido um fator, uma vez que Milão tinha altos níveis de dióxido de enxofre no ar até ao final do século XX.

Ainda não está claro exatamente como é que o metacinabar surgiu a partir desses componentes, mas o novo estudo fornece a explicação mais forte para as marcas preocupantes. Os resultados foram recentemente publicados na revista Scientific Reports.

ZAP //

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