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“Máquina do tempo” de células humanas reverte progressão do cancro do pâncreas

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O cancro pancreático propaga-se muito rapidamente. Agora, uma “máquina do tempo” construída por engenheiros da Universidade Purdue, nos Estados Unidos, mostrou uma forma de reverter a sua propagação antes de o cancro se espalhar pelo órgão.

A “máquina do tempo” é uma reprodução realista de uma estrutura pancreática chamada ácino, que produz e segrega enzimas digestivas para o intestino delgado. O cancro pancreático tende a desenvolver-se a partir de uma inflamação crónica que ocorre quando uma mutação faz com que estas enzimas digestivas digiram o próprio pâncreas.

Se houvesse uma forma de recuar no tempo para reprogramar as células cancerígenas que produzem estas enzimas, poderia ser possível “reiniciar” completamente o pâncreas.

Na última década, Stephen Konieczny, professor do Departamento de Ciências Biológicas da Purdue, estudou um potencial “botão de reiniciar”: um gene chamado PTF1a.

Este gene “é absolutamente crítico para o desenvolvimento normal do pâncreas”, uma vez que, se o PTF1a está ausente, “não se desenvolve um pâncreas”. “Se ativássemos o gene PTF1a numa célula cancerígena do pâncreas, o que aconteceria? Será que íamos reverter o fenótipo do cancro? De facto, é exatamente isso que acontece.”

Segundo o Futurity, Stephen Konieczny trabalhou com Bumsoo Han, professor de engenharia mecânica da Purdue, e decidiram levar estas descobertas ao nível seguinte. O modelo que os investigadores da Purdue desenvolveram imita, com precisão, a complexidade anatómica do ácino, uma cavidade circular forrada de células.

A “máquina do tempo” é composta por uma plataforma de vidro, colocada em cima de uma lâmina de microscópio, que tem duas câmaras interligadas. A solução de colagénio numa das câmaras preenche a forma de um ducto pancreático, que se expande para criar a estrutura da cavidade do ácino na segunda câmara.

Deixar “cair” células cancerígenas humanas para a câmara do ácino tornou o modelo ainda mais realista. O laboratório concebeu o PTF1a a partir de uma linha de células cancerígenas do pâncreas para ser ativado na presença de doxiciclina, um composto vulgarmente utilizado em antibióticos.

Assim que o gene era ativado, as células começavam a construir o resto do ácino no modelo – estas já não eram cancerígenas e tinham sido “reprogramadas“.

“Neste modelo, não só as células cancerígenas são reprogramadas, como podemos mostrar, pela primeira vez, a arquitetura tridimensional do ácino, que se assemelha às mesmas estruturas que vemos num pâncreas saudável”, disse Konieczny.

O artigo científico foi recentemente publicado na Lab on a Chip, da Royal Society of Chemistry.

ZAP //

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1 Comment

  1. Dos estudos à prática sobre a eliminação do cancro pancreático vai uma distância de Kms2. Só para reprogramar as células vão passar-se anos e anos! De qualquer forma, tentar a cura é sempre especial!

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