Revelado o mapa infravermelho mais detalhado de sempre da Via Láctea

ESO

Nebulosa da Lagosta

Cientistas revelaram o mapa mais detalhado da Via Láctea alguma vez criado, com 1,5 mil milhões de estrelas, planetas e luas com um detalhe extraordinário.

Após 13 anos de observações contínuas, os astrónomos do European Southern Observatory (ESO) utilizaram tecnologia de infravermelhos para espreitar através da poeira cósmica e do gás que normalmente obscurecem a visão da nossa galáxia.

O estudo, liderado por Dante Minniti, da Universidade Andrés Bello, foi realizado com o telescópio VISTA do ESO. Este projeto representa o maior e mais completo mapa da Via Láctea até à data. O resultado é um conjunto de dados que cobre uma área do céu equivalente a 8.600 luas cheias.

“Mudámos para sempre a forma como vemos a nossa galáxia”, disse Minniti, citado pelo jornla inglês Daily Mail.

O extenso estudo reuniu mais de 200 mil imagens individuais entre 2010 e 2023. Este esforço permitiu aos cientistas catalogar 1,5 mil milhões de objetos, dez vezes mais do que o maior mapa anterior, publicado em 2012. O conjunto total de dados ascende a 500 terabytes, o equivalente ao armazenamento de 124 mil filmes em HD.

Uma das principais razões para o sucesso do estudo foi a utilização de luz infravermelha. Ao contrário da luz visível, que é bloqueada por gases e poeiras, a luz infravermelha consegue passar por esses obstáculos. Isto permitiu aos investigadores captar imagens pormenorizadas de regiões da Via Láctea anteriormente ocultas, incluindo o seu núcleo denso e as suas bordas exteriores de grande alcance.

Entre as imagens divulgadas, destacam-se duas nebulosas: a NGC 3603 e a NGC 3576. Estas nuvens de gás, localizadas a 22 mil e 9 mil anos-luz da Terra, respetivamente, mostram as forças que levam à formação de novas estrelas.

Em contraste, outra imagem mostra Messier 22, um aglomerado de estrelas extremamente antigas a 10 mil anos-luz da Terra, que se encontra entre os objectos mais antigos conhecidos na galáxia.

O estudo também revelou uma série de objectos misteriosos designados por “WITs”, um acrónimo para “O que é isto?”, em inglês. Estes corpos celestes anteriormente desconhecidos continuam a intrigar os investigadores.

Minniti salienta que a sua descoberta proporcionou uma compreensão mais clara do funcionamento interno da Via Láctea, ajudando os cientistas a perceber como a galáxia se formou e evoluiu ao longo do tempo.

“O mapa tornar-se-á o padrão internacional para o estudo do sul da Via Láctea nas próximas décadas”, disse também Philip Lucas, astrónomo da Universidade de Hertfordshire e coautor principal do estudo.

Para além de aumentar o conhecimento da estrutura da galáxia, o mapa também revelou novos fenómenos. Por exemplo, os investigadores descobriram um novo tipo de estrelas antigas, apelidadas de “velhas fumadoras”, que emitem nuvens de fumo inesperadamente após longos períodos de inatividade.

ZAP //

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