O ex-ministro das Finanças, Mário Centeno, aconselhou a quem o vai substituir no Eurogrupo a “manter sempre os ministros das finanças acordados” durante as reuniões, em referência a sua “fama” em permitir que esses encontros se prolongassem por longos períodos de tempo.
Segundo uma entrevista da Brussels Playbook, editada pelo Politico e citada pelo ECO, algumas dessas reuniões do Eurogrupo podiam se prolongar pela madrugada dentro, “mesmo quando não havia um sentido de urgência nas deliberações”.
Centeno, que se mantém à frente do Eurogrupo até julho, indicou que o contexto atual deverá garantir uma eleição rápida do seu sucessor. “O ambiente atual é politicamente mais difícil por causa da crise da covid, pelo que deve haver um sentido de urgência que não havia em 2017”, disse.
O ex-ministro das Finanças referiu que, relativamente a proposta de Bruxelas para constituir um fundo de 750 mil milhões de euros para ajudar os países a saírem da crise, “agora não é o momento para uma crise existencial” na União Europeia (UE) e se a Comissão deve ter mais poderes ou os Estados-membros terem menos.
“Todos sabemos que isto é altamente exigente em termos do exercício das negociações. É duro”, indicou, sublinhando: “Tenho a certeza de que ele [o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel] vai conseguir”.
Sobre as perspetivas para o futuro da UE, afirmou esperar que a crise desencadeada pela covid-19 incentive a uma maior coordenação económica no bloco, concordando com a proposta de Bruxelas de associar o recurso a dinheiro do fundo de recuperação às recomendações do Semestre Europeu, o que poderá suportar essa mesma coordenação.
“Estamos a lidar com economias e incentivos. Se queremos que algo seja relevante, precisamos de uma dimensão orçamental a essas recomendações [do Semestre Europeu] e agora temos isso e não podemos perder essa oportunidade”, apontou ainda.