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Manifestantes barricam-se em estação de metro de Hong Kong contra polícia antimotim

Roman Pilipey / EPA

Centenas de manifestantes barricaram-se ao princípio da noite contra a polícia antimotim numa estação de metro de Hong Kong.

Centenas de manifestantes barricaram-se ao princípio da noite contra a polícia antimotim numa estação de metro de Hong Kong, para assinalar um mês sobre o violento ataque contra dezenas de manifestantes por alegados membros do crime organizado.

O protesto realizado esta quarta-feira na estação de Yuen Long, estava a ser pacífico até à chegada de carrinhas policiais.

Alguns manifestantes muniram-se de chapéus de proteção da construção civil e máscaras de gás, enquanto outros usavam extintores, e espalharam detergente, cerveja e óleo na entrada da estação para tentar travar a entrada da polícia.

Há um mês, gangues de homens armados com cassetetes, hastes metálicas e tacos de basebol, vestidos com t-shirts brancas, espancaram manifestantes pró-democracia que estavam a regressar a casa depois de um protesto.

O ataque de 21 de julho deixou quase 50 pessoas feridas, incluindo transeuntes, alguns dos quais foram gravemente afetados. Nessa altura, muitas vozes se levantaram para criticar a polícia, acusada de ter demorado mais de uma hora para chegar ao local, sem ter detido qualquer atacante.

O chefe da polícia, Stephen Lo, qualificou como “difamação” a ideia de um possível conluio entre as forças de segurança e as tríades, e garantiu que os agressores seriam processados. Este ataque atingiu a confiança do povo de Hong Kong nas autoridades públicas.

Os protestos, que duram há nove semanas, focaram-se inicialmente na rejeição das emendas propostas pelo Governo à lei da extradição, que permitiria a extradição de suspeitos para a China.

A lista de reivindicações tem sido alvo de ajustes. Os manifestantes exigem a retirada definitiva da lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, a demissão de Carrie Lam, e sufrágio universal nas eleições para chefe do Executivo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

A transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas“, precisamente o que os opositores às alterações da lei da extradição garantem estar agora em causa.

Para aquela região administrativa especial da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.

Máscaras de gás e guarda-chuvas tatuados

É quase como uma forma permanente de protesto. Vários manifestantes de Hong Kong começam agora a tatuar imagens icónicas dos protestos, como as máscaras de gás e os guarda-chuvas usados para proteger contra o gás lacrimogéneo.

A CNN falou com um tatuador que, durante o mês de julho, ofereceu tatuagens — desde que estas fossem sobre as manifestações de Hong Kong. Foram mais de uma centena de pessoas que aderiram à ideia e marcaram os seus corpos com símbolos revolucionários.

Um dos clientes tatuou um olho com uma lágrima vermelha, em solidariedade com a manifestante que ficou gravemente ferida — e chegou mesmo a perder a visão de um dos olhos — durante os protestos de 11 de agosto. Este é também visto como um símbolo contra a violência das autoridades contra os manifestantes.

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“Esta tatuagem ajuda a lembrarem-se do Hong Kong de hoje, as coisas que aconteceram. Eles querem expressar o quanto amam Hong Kong, o quanto amam este lugar”, disse uma das tatuadoras.

ZAP // Lusa

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