Mancha vermelha de Júpiter é provavelmente uma “queimadura” solar

NASA / JPL-Caltech / Space Science Institute

 Investigações sugerem que efeitos da luz do Sol produzem a cor da Grande Mancha Vermelha de Júpiter. As nuvens desta característica gigantesca encontram-se a muito maiores altitudes do que aquelas noutros pontos do planeta, e a sua natureza de vórtice confina as partículas avermelhadas assim que se formam.

Investigações sugerem que efeitos da luz do Sol produzem a cor da Grande Mancha Vermelha de Júpiter. As nuvens desta característica gigantesca encontram-se a muito maiores altitudes do que aquelas noutros pontos do planeta, e a sua natureza de vórtice confina as partículas avermelhadas assim que se formam.

De acordo com uma nova análise de dados da missão Cassini da NASA, a cor avermelhada da Grande Mancha Vermelha (GMV) de Júpiter é provavelmente o resultado de produtos químicos simples, quebrados pela luz solar na atmosfera superior do planeta.

Os resultados contradizem a outra teoria principal para a origem da cor marcante da mancha – a de que os químicos avermelhados vêm de baixo das nuvens de Júpiter.

Os resultados foram apresentados há duas semanas por Kevin Baines, cientista da missão Cassini no JPL da NASA em Pasadena, durante uma reunião da Sociedade Astronómica Americana em Tucson, no estado americano do Arizona.

Baines e os colegas Bob Carlson e Tom Momary, também do JPL, chegaram às suas conclusões usando uma combinação de dados da passagem rasante da Cassini por Júpiter em 2000 e experiências de laboratório.

NASA

O astrofísico Kevin Baines, do JPL da NASA

O astrofísico Kevin Baines, do JPL da NASA

Em laboratório, os investigadores atingiram amónia e acetileno – químicos que se sabe existirem em Júpiter – com luz ultravioleta, para simular os efeitos do Sol sobre estes materiais nas alturas extremas das nuvens da Grande Mancha Vermelha.

Isto produziu um material avermelhado, que a equipa comparou com a GMV, observada pelo instrumento VIMS (Visible and Infrared Mapping Spectrometer) da Cassini.

Os cientistas descobriram que as propriedades de dispersão da luz da sua mistura química têm uma boa correspondência com um modelo da Grande Mancha Vermelha onde o material de cor vermelha está confinado às zonas superiores deste ciclone gigantesco.

“Os nossos modelos sugerem que a maior parte da Grande Mancha Vermelha tem na verdade uma cor muito sem graça, por baixo de uma nuvem superior de material avermelhado,” acrescenta Baines.

“Por baixo da ‘queimadura’ solar vermelha as nuvens são provavelmente esbranquiçadas ou acinzentadas”, acrescentou.

Júpiter é composto quase inteiramente por hidrogénio e hélio, com apenas um punhado de outros elementos.

A Grande Mancha Vermelha é uma característica da atmosfera superior de Júpiter, do tamanho de duas Terras.

Outras áreas de Júpiter apresentam uma paleta mista de laranjas, castanhos e até mesmo tons de vermelho. Baines diz que estes locais têm nuvens altas e brilhantes, que se sabe serem muito mais finas, permitindo observar as profundezas da atmosfera onde existem substâncias mais coloridas.

Quanto ao porquê da intensa cor vermelha, vista apenas na GMV e noutras manchas mais pequenas no planeta, os investigadores pensam que a altitude desempenha um papel fundamental.

“A Grande Mancha Vermelha é extremamente alta,” comenta Baines. “Ela atinge altitudes muito mais altas do que as nuvens noutros lugares de Júpiter.”

A equipa pensa que as grandes alturas da mancha activam e reforçam a vermelhidão.

Os seus ventos transportam partículas geladas de amónia para mais alto na atmosfera do que o habitual, onde são expostas a muito mais radiação ultravioleta do Sol. Além disso, a natureza de vórtice do local confina as partículas, impedindo-as de escapar.

Isto faz com que a vermelhidão do topo das nuvens da mancha aumente para além do que de outra forma seria de esperar.

CCVAlg

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