A maldição da múmia pode mesmo ser real — e já sabemos porquê

O mito de uma maldição da múmia que afetava quem entrasse nos túmulos pode ser mais do que um mito, embora o culpado seja algo menos fantasmagórico.

Já passou um século desde que Howard Carter abriu a câmara funerária selada do rei Tutankhamon, revelando os seus tesouros ao mundo pela primeira vez.

No entanto, à medida que os visitantes do túmulo foram sofrendo mortes prematuras nos meses seguintes, os meios de comunicação social propagando o mito de uma maldição da múmia.

Embora os investigadores tenham desde então rejeitado a explicação sobrenatural, levantaram uma intrigante explicação científica: poderia a maldição ser causada por um fungo?

Descobertas recentes, noticiadas pelo site Big Think, sugerem que o pernicioso que pode ter causado a maldição pode ter sido o Aspergillus flavus, um fungo que foi encontrado no túmulo de Casimiro IV Jagiellon, um famoso rei da Polónia que morreu no século XV.

Dez dos doze conservadores que abriram o seu túmulo em 1973 morreram nas semanas e meses seguintes. Mais tarde, o microbiólogo Bolesław Smyk encontrou A. flavus em todo o túmulo e especulou que este poderia ter contribuído para as mortes.

A. flavus é a segunda principal causa de aspergilose, uma doença potencialmente mortal que afeta principalmente os pulmões das pessoas com sistemas imunitários enfraquecidos. Em casos mais graves, o fungo pode crescer nos pulmões e espalhar-se por todo o corpo.

Em 1998, o Dr. Sylvain Gandon demonstrou que os esporos de fungos podem permanecer adormecidos durante centenas de anos, preservando a sua potência.

Os investigadores sugeriram que, em casos raros, o fungo pode proliferar num túmulo, talvez crescendo em grãos deixados no interior ou nas próprias múmias, e depois os esporos fúngicos bombardeiam as primeiras pessoas que perturbam o local de repouso em centenas de anos.

Os idosos e as pessoas com sistemas imunitários enfraquecidos seriam os mais suscetíveis, podendo desenvolver uma infeção pulmonar que conduziria a problemas respiratórios e, eventualmente, à morte. Os indivíduos saudáveis, por outro lado, poderiam sofrer apenas sintomas ligeiros ou até mesmo nenhuns.

Essa teoria poderia encaixar na morte altamente divulgada de Lord Carnarvon, que foi um dos primeiros a entrar no túmulo do Rei Tut. Ele faleceu cinco meses depois de entrar, supostamente de pneumonia.

Investigadores que escreveram numa correspondência de 2003 para a revista The Lancet notaram que os esporos de Aspergillus podem permanecer adormecidos nos pulmões de indivíduos infetados durante longos períodos antes de serem ativados, e que a maior suscetibilidade de Lord Carnarvon ao bolor tóxico poderia explicar porque é que tantos outros não sucumbiram à mesma infeção ao entrar.

Embora a maldição da múmia possa ser genuína, é também situacional e extremamente rara. Recentemente, especialistas mexicanos expressaram preocupação de que uma exposição itinerante de múmias do século XIX pudesse representar um perigo para o público, depois de terem sido detetados crescimentos de fungos num dos cadáveres.

No entanto, como as múmias repousam atrás de uma caixa aparentemente oculta e são mantidas numa área pública com um fluxo de ar decente, as preocupações com a saúde pública são mínimas.

ZAP //

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