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Maioria dos católicos discorda da igreja sobre aborto e divórcio

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echiner1 / Flickr

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A maioria dos católicos discordam da igreja sobre aborto, contraceção e divórcio e estão divididos sobre o sacerdócio feminino e de homens casados, segundo uma inquérito realizado em 12 países.

Enquanto os católicos da África e Ásia aceitam maioritariamente a doutrina da igreja, os países da Europa ocidental, os Estados Unidos e alguns latino-americanos
apoiam práticas consideradas imorais pelo Vaticano.

A sondagem realizada para a cadeia de televisão norte-americana de língua espanhola Univision contou com a participação de mais de 12 mil católicos em 12 países de cinco continentes. Portugal não foi incluindo neste trabalho.

No caso do aborto, 65 por cento dos inquiridos disseram que deveria permitir-se, com oito por cento a defender que seja possível em todos os casos e 57 por cento a aceitar que se faça apenas em alguns, nomeadamente quando a vida da mãe está em risco.

O maior apoio à interrupção voluntária da gravidez é proveniente da Europa: em Espanha, por exemplo, o apoio é de 88 por cento.

Brasil, Argentina e Estados Unidos também apoiam o aborto. Nas Filipinas, pelo contrário, 73 por cento dos católicos defendem que o aborto nunca deve ser permitido.

Apenas 19 por cento dos católicos europeus e 30 por cento da América Latina concordam com posição do Vaticano de negar a comunhão aos divorciados que voltem a casar-se, enquanto na maioria dos países africanos católicos a percentagem de aprovação desta medida é de 75 por cento.

O sacerdócio feminino regista a oposição de 30 por cento dos católicos europeus e 36 por cento dos norte-americanos, comparada com 80 por cento dos africanos e 76 por cento dos católicos das Filipinas, o país com maior população católica na Ásia.

Entre os assuntos que geram mais consenso estão os contracetivos, com 78 por cento a manifestarem-se a favor do seu uso.

Mais de 90 por cento de católicos de Espanha, Argentina, Colômbia, Brasil e França são favoráveis ao uso de anticoncecionais, enquanto nos Estados Unidos esta percentagem é de 79 por cento.

Nas Filipinas, o apoio é de 68 por cento e no Congo e Uganda ligeiramente superior a 40 por cento.

O casamento entre pessoas do mesmo sexo regista a oposição de 66 por cento dos católicos, sendo esta a posição maioritária em oito dos 12 países participantes na sondagem.

Este é o tema que maior divisão gera e são os jovens, os membros da classe média e alta e as mulheres que mais são favoráveis a estas uniões.

O estudo confirma também a popularidade do papa Francisco entre os fiéis católicos: cerca de 74 por cento qualificaram o seu trabalho como “excelente” e 25 por cento “bom”.

Numa análise sócio demográfica, os dados revelam que os homens e mulheres casados de 55 anos ou mais que vivem em localidades pequenas e vão à missa
frequentemente são quem tende a concordar mais com as posições da igreja.

As diferenças entre gerações mais relevantes encontram-se na Colômbia, República Democrática do Congo, México e Espanha.

Os doze países selecionados – Estados Unidos, México, Colômbia, Argentina, Brasil, França, Espanha, Polónia, Itália, República Democrática do Congo, Uganda, Filipinas – representam 61 por cento da população católica mundial.

A margem de erro é de 0,9 por cento, com um nível de confiança de 95 por cento. O número de católicos ronda os 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo.

A sondagem antecede as conclusões da consulta sobre as novas realidades da vida familiar, como o divórcio ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo, enviado pelo Vaticano em novembro passado às conferências episcopais de todo o mundo.

Os resultados deste inquérito servirão de base à preparação da assembleia geral extraordinária do Sínodo dos Bispos, que vai decorrer em Roma, de 05 a 19 de outubro de 2014, sob o tema “Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização”.

/Lusa

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