Quando pensamos em pirâmides, aquelas que nos vêm à mente, muito provavelmente, são as de Gizé, no Egito. No entanto, a maior do mundo, conhecida como A Grande Pirâmide de Cholula, está escondida dentro de uma colina no centro do México.
Quando os espanhóis chegaram a Cholula, no México, o conquistador Hernán Cortés ficou impressionado com a beleza da cidade. À medida que os soldados massacravam milhares de nativos e sistematicamente arrasavam os seus edifícios cerimoniais, um deles escapou-lhes à atenção.
Construída com tijolos de adobe à base de lama, a Grande Pirâmide de Cholula estava coberta de mato e parecia pouco mais do que um monte de terra gigante, escreve o portal Discover Magazine.
Com cerca de 400 metros de largura e 65 metros de altura, é considerada a maior pirâmide do mundo em volume. Há até quem argumente que é o maior monumento de qualquer tipo e que pode ser a estrutura mais antiga usada continuamente nas Américas.
“Muito poucas pessoas conhecem-na”, diz Geoffrey McCafferty, antigo arqueólogo da Universidade de Calgary, no Canadá. “Eu descrevo-a nas minhas aulas como a pirâmide mais importante da qual você nunca ouviu falar”.
Apesar dos vários trabalhos de escavação, “o centro religioso de Cholula continua a ser um dos grandes enigmas da antiga Mesoamérica”, considera McCafferty.
Quando nos anos 30 os arqueólogos escavaram o primeiro túnel nas entranhas da pirâmide, eles encontraram não uma única estrutura, mas uma série de pirâmides, cada uma com uma fachada de altares, plataformas e escadas que outrora formavam o exterior.
Há quatro camadas distintas que retratam estilos e arquiteturas diferentes. Quem quer que tenham sido estes arquitetos antigos, eles estão apenas registados na lenda como uma raça de gigantes, chamada Quinametzin, que tinham mais de 3,6 metros de altura.
O significado original da pirâmide não é claro, mas McCafferty acredita que os seus criadores pretendiam que fosse um axis mundi – um nexo cósmico do submundo, da Terra e dos céus.
McCafferty argumenta que tenha chegado a servir como cemitério e santuário ao deus da chuva Chiconauquiahuitl. Mas John Pohl, antropólogo da California State University, em Los Angeles, sugere uma interpretação diferente.
Phol acredita que Olmeca-Xicalanca, que derrotaram os gigantes Quinametzin, cobriram a última camada da pirâmide com adobe para criar uma montanha artificial dedicada às divindades Xochiquetzal e Xochipilli.
Muitos anos mais tarde, os espanhóis construiram uma igreja católica no cume da colina, sem se aperceberem que dentro dela estava a pirâmide. Quinhentos anos depois, La Iglesia de Nuestra Señora de Los Remedios ainda existe, coroando um legado de dois milénios e meio.