Grande passo para conhecermos melhor a Lua: a sua maior cratera não se formou como pensávamos

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China National Space Administration

Afinal, a cratera pode ser muito maior e ter-se-á formado  após um impacto mais vertical do que se pensava, “como quem atira uma pedra em linha reta contra o chão”.

Parece que a bacia do Polo Sul-Aitken, a maior e mais antiga cratera lunar, é ainda mais extensa do que os cientistas pensavam. Segundo um novo estudo liderado por Hannes Bernhardt, geólogo da Universidade de Maryland, esta formação gigantesca pode ser bem maior do que estudos anteriores indicam.

Localizada no lado oculto da Lua, a bacia do Polo Sul-Aitken tem um diâmetro de aproximadamente 2.500 km, e cobre quase 25% da superfície lunar. A gigantesca cratera parece ter mais de 4 mil milhões de anos, ou seja, já teve mais do que tempo suficiente para sofrer outros impactos que ocultaram parte da sua estrutura.

Já o novo estudo, publicado na Earth & Planetary Science Letters, desafia várias das ideias existentes sobre o impacto que formou a cratera e distribuiu o material ejetado. “Estamos agora um passo mais próximos de compreender melhor a história e a evolução da Lua ao longo do tempo”, comentou o autor.

Até agora, grande parte dos estudos sobre a cratera mostravam que esta surgiu quando um grande objeto colidiu com a Lua num ângulo oblíquo, deixando para trás uma cratera com formato oval e não circular. Neste caso, os detritos da colisão ter-se-iam espalhado numa só direção, afastando-se do polo sul do nosso satélite natural.

Para investigar mais a fundo os detalhes do impacto, Bernhardt e os restantes autores analisaram as formações geológicas na superfície atual da Lua. Trabalharam com mais de 200 formações montanhosas dispersas ao redor da base da bacia, as quais poderiam ser vestígios da borda da cratera. No entanto, após catalogar e mapear as formações, os autores notaram que estas criaram um formato muito mais circular do que o esperado.

“Um formato mais redondo e circular indica que um objeto atingiu a superfície da Lua num ângulo mais vertical, possivelmente semelhante a atirar uma pedra em linha reta contra o chão”, explicou o autor. Isto implica que os detritos do impacto devem estar distribuídos de forma mais uniforme do que se pensava.

“Isto significa que os astronautas do programa Artemis ou robôs na região do polo sul lunar podem conseguir estudar detalhadamente as rochas do fundo da crosta ou do manto lunar — materiais que, de outra forma, seriam de acesso impossível”, acrescentou.

A análise de tais materiais é importante porque pode ajudar os cientistas a compreender melhor a formação da Lua. Além disso, o ângulo do impacto pode também explicar algumas características peculiares desta região — por exemplo, dados da gravidade lunar na área sugerem que a crosta da região tem uma densidade muito mais alta do que os arredores.

A missão Chang’e 6 trouxe este ano 1,9 quilos de rocha do lado oculto da Lua, especificamente desta cratera, a bacia do Polo Sul-Aitken. Uma pesquisa recente revela que o lado oculto da Lua também foi vulcanicamente ativo e que é pobre em potássio, elementos de terras raras e fósforo, ao contrário do lado visível.

ZAP // CanalTech

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