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Mãe de vítima de violação que inspirou documentário da Netflix suicida-se 4 meses depois da filha

Melinda Moeller Coleman / Facebook

Daisy Coleman e a mãe, Melinda Coleman.

Foi encontrada morta a mãe de Daisy Coleman, a jovem que protagoniza um documentário da Netflix sobre violações a jovens adolescentes. Quatro meses depois de Daisy se ter suicidado, a sua mãe, Melinda Coleman, também resolveu acabar com a própria vida.

Daisy Coleman tornou-se conhecida depois de ter sido uma das jovens retratadas no documentário “Audrie & Daisy” da Netflix que relata os traumas e as consequências das agressões sexuais em adolescentes.

Em Agosto passado, Daisy suicidou-se após várias tentativas falhadas. Tinha apenas 23 anos.

Quatro meses depois, a sua mãe de 58 anos seguiu-lhe as pisadas e também acabou com a própria vida.

A notícia é avançada pela organização SafeBae (Before Anyone Else) que foi co-fundada por Daisy Coleman, após ter sido violada, e que se dedica à prevenção de agressões sexuais nas escolas.

A dor infinita de perder o marido, Tristan, e Daisy era mais do que ela podia enfrentar na maioria dos dias”, salienta a SafeBae numa publicação no Instagram, onde manifesta estar “em choque” com a notícia.

Melinda era uma “veterinária dotada, uma mãe e esposa devotadas e uma fisiculturista talentosa”, refere a organização, frisando que “mais do que tudo, ela amava e acreditava nos seus filhos”.

O marido de Melinda morreu em 2009, num acidente de viação. Em 2018, ela perdeu um dos quatro filhos, com 19 anos, noutro acidente de carro.

A última publicação no Facebook de Melinda reporta para a filha Daisy e para o momento em que ela morreu.

“Não há amo-te suficientes que eu poderia ter dito quando estava a segurar o teu corpo morto, frio e destroçado. Segurei-te como um bebé, o meu bebé. O bebé que segurei quando vieste a este mundo. Foi sempre a minha maior honra e alegria ser tua mãe e melhor amiga. Mamã urso!”, escreveu Melinda.

Daisy “nunca recuperou do que lhe fizeram”

Depois da morte da filha, em Agosto passado, Melinda escreveu que Daisy “nunca recuperou do que aqueles rapazes lhe fizeram”.

Daisy foi violada numa festa, em Janeiro de 2012, quando tinha 14 anos. Ela acusou vários rapazes de lhe terem dado álcool, alegando que um deles acabou por a violar na cave da casa. Contudo, nenhum dos jovens visados foi condenado.

Esses detalhes fazem parte do documentário da Netflix que acompanha o seu drama e o da família a lidarem com o trauma sofrido devido à agressão.

Além da história de Daisy, o documentário também relata o caso de Audrie Pott que foi violada em Setembro de 2012 e que se suicidou alguns dias depois da agressão.

Nas duas situações, os abusos às jovens terão sido filmados e as imagens terão sido partilhadas nas redes sociais.

O jovem de 17 anos que terá violado Daisy Coleman chegou a ser acusado, mas o caso acabou arquivado. A família de Daisy alega que as ligações políticas da família do rapaz contribuíram para isso.

Em tribunal, o jovem alegou que o sexo foi consensual e que Daisy só consumiu álcool depois de se terem envolvido.

A mãe encontrou a filha na manhã seguinte à festa, deixada à entrada da sua casa, com o cabelo molhado e a usar apenas uma t-shirt e calças de fato de treino quando as temperaturas eram negativas.

O caso aconteceu numa pequena comunidade do Missouri, mas atraiu atenção nacional nos EUA, motivando, nomeadamente, a discussão sobre a forma como a justiça lida com casos de violação de adolescentes.

A família de Daisy acabou por se ver forçada a mudar de casa depois de ela ter sido vítima de bullying na escola e nas redes sociais, e de terem recebido ameaças da comunidade.

 

ZAP //

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