Maduro alerta para “surto perigoso” em cidades da Venezuela

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(h) Miraflores Press Office

O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, alertou na segunda-feira para um “surto perigoso” de coronavírus nas grandes cidades do país, no mesmo dia em que o país ultrapassou a barreira dos quatro mil casos confirmados.

“Estamos a enfrentar um surto perigoso de coronavírus na maioria das grandes cidades do país”, disse Maduro, durante um ato transmitido pela televisão estatal venezuelana.

Segundo Nicolás Maduro, o surto está relacionado com o regresso de venezuelanos da vizinha Colômbia e do Brasil, pelo que instou a população a respeitar disciplinadamente a quarentena preventiva da covid-19. “Há que eliminar o surto e a única maneira é a quarentena disciplinada e medidas sanitárias, acatadas por todos”, disse.

Por outro lado, precisou que há mais de 70 mil venezuelanos que regressaram ao seu país desde o início da pandemia de covid-19.

“A única vacina é a prevenção”, insistiu, precisando que os casos de transmissão comunitária no país aumentaram de seis por dia para entre 20 e 30 diariamente. “Eu sei de casos de pessoas que pensaram que não se contagiariam, não acataram as medidas e depois veio o arrependimento. Há muita juventude contagiada”, frisou.

A Venezuela reforçou na segunda-feira a quarentena instaurada para combater a propagação do novo coronavírus em 10 dos 24 Estados do país, incluindo no Distrito Capital.

As novas medidas, que as autoridades locais dizem ser uma “radicalização” da quarentena, têm lugar depois de uma flexibilização de sete dias.

Ao abrigo do reforço das medidas, o Metropolitano de Caracas encerrou as portas, e as autoestradas e ruas principais de algumas zonas residenciais estão bloqueadas, com restrições à circulação de pessoas, incluindo no centro da capital.

Com os setores prioritários (supermercados, farmácias) a funcionarem apenas durante algumas horas por dia, várias zonas de Caracas registaram esta segunda-feira apagões elétricos, com muitos clientes a queixarem-se de que nos últimos dias estavam sem serviço de Internet, impedindo-os de aceder a alguns canais de televisão, depois de a principal operadora de cabo, a Directv, ter saído do país, em 19 de maio.

Segundo a vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, foram implementadas algumas medidas restritivas, incluindo em zonas residenciais do Distrito Capital, devido à forte presença do novo coronavírus no município Libertador, o maior de Caracas.

A Venezuela está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar “decisões drásticas” para combater a pandemia. Os voos nacionais e internacionais estão restringidos no país.

Desde 16 de março que os venezuelanos estão em quarentena e impedidos de circular livremente entre os vários Estados do país.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 469 mil mortos e infetou quase nove milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Maduro disponível para conversa respeitosa com Trump

O Presidente da Venezuela disse na segunda-feira estar disposto a conversar com o homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, de forma respeitosa, tal como fez em 2015 com o ex-vice-presidente Joe Biden.

“A minha resposta é que, assim como me reuni com Joe Biden e tivemos uma conversa grande e de forma respeitosa, momento que ficou registado, também no momento necessário estou disponível para conversar respeitosamente com o presidente Donald Trump”, disse o Presidente venezuelano à agência de notícias estatal, Agência Venezuelana de Notícias (AVN).

Segundo noticia a agência Efe, numa curta declaração Maduro explicou que, “da mesma forma” que em 2015 falou com o democrata Joe Biden quando este era vice-presidente de Barack Obama – e agora é adversário do republicano Trump na corrida à Casa Branca -, também o fará com o atual Presidente norte-americano.

O Presidente dos Estados Unidos disse esta segunda-feira que apenas aceita reunir-se com Nicolás Maduro para discutir a “saída pacífica do poder” do homólogo venezuelano, após ter demonstrado, numa entrevista, abertura a um possível encontro.

“Ao contrário da esquerda radical, eu sempre estarei contra o socialismo e ao lado do povo da Venezuela. O meu Governo sempre esteve do lado da liberdade e contra o regime opressor de Maduro. Apenas me reuniria com Maduro para abordar um tema: uma saída pacífica do poder”, destacou Donald Trump numa mensagem publicada na rede social Twitter, citada pela agência Efe.

Trump reagiu assim à entrevista publicada no domingo pela publicação online Axios, na qual mostrou abertura para se reunir com o Presidente da Venezuela, uma possibilidade já avançada na Assembleia-Geral da ONU de 2018, que nunca chegou a concretizar-se.

“Talvez ele pense sobre isso. Maduro gostaria de se encontrar comigo. E eu nunca me oponho a reuniões, raramente me oponho a isso“, destacou Donald Trump durante a entrevista, ao ser questionado sobre se aceitaria encontrar-se com Nicolás Maduro.

Eu sempre digo que se perde muito pouco nas reuniões. Mas, por agora, eu digo que não”, explicou, referindo-se aos esforços do lado venezuelano para a marcação de um encontro.

Questionado durante a entrevista se lamentava a sua decisão em endossar o líder da oposição, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela, o governante norte-americano respondeu primeiro: “Não particularmente”. Mas acrescentou: “Poderia ter vivido com ou sem isso, mas estava firmemente contra o que se estava a passar na Venezuela”.

A porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, disse, após as declarações de Trump, que “nada mudou” na posição dos Estados Unidos face a Juan Guaidó, e que o país continua a manter a confiança e a reconhecê-lo como presidente interino.

ZAP // Lusa

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