Madrugada de pânico em Moçambique

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Luís Miguel Fonseca / Lusa

Deslocados dos ataques a Palma, Moçambique

Locais viram homens com armas de fogo a poucos metros: “Eram muitos e não sabemos qual era o destino, mas eram terroristas”.

Populares da comunidade de Intutupue, localidade de Sunate (Silva Macua), na província moçambicana de Cabo Delgado, relataram hoje à Lusa momentos de pânico e agitação após constatarem a presença de supostos terroristas naquela aldeia do distrito de Ancuabe.

A circulação destes supostos grupos de insurgentes aconteceu por volta das 03:00 (02:00 em Lisboa) da madrugada de domingo, quando alguns populares que se encontravam em zonas de produção agrícola detetaram homens empunhando armas de fogo a passarem a escassos metros.

Eram muitos e não sabemos qual era o destino, mas eram terroristas”, disse à Lusa uma fonte da população local, a partir de Intutupue.

A mesma fonte avançou que no dia anterior, antes de escalarem Intutupue, estes grupos passaram por Quissanga, onde fecharam algumas das principais vias de acesso por algumas horas, provocando o desespero dos moradores.

“Fecharam algumas vias que dão acesso à sede distrital de Quissanga, até porque a população pensava que eles iam à zona de Tapata ou Namoja, mas não foram”, relatou a mesma fonte, acrescentando que o tio, que se encontrava em Quissanga, foi um dos que fugiu, devido à presença dos insurgentes.

Após esta movimentação, alguns camponeses e madeireiros artesanais de Intutupue, que dista 70 quilómetros da cidade de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, fugiram para as matas, receando um possível ataque.

“Há pessoas que voltaram para a aldeia, não sabemos ao certo para onde é que foram”, explicou uma fonte da autoridade de intutupue.

Até ao momento não há relato de vítimas mortais entre os moradores de Intutupue e Quissanga, mas o medo voltou a instalar-se no seio daquelas populações, sobretudo pela regularidade com que estes grupos têm circulado nas duas localidades.

Cabo Delgado enfrenta desde outubro de 2017 uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.

O último grande ataque deu-se em 10 e 11 de maio à sede distrital de Macomia, com cerca de uma centena de insurgentes a saquearem a vila, provocando vários mortos e fortes combates com as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique.

A população de outros distritos da província tem relatado a movimentação destes grupos de insurgentes, que provocam o pânico à sua passagem, nas matas, mas sem registo de confrontos, o que acontece numa altura em que os camponeses tentam realizar trabalhos de colheita nos campos de cultivo.

O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, afirmou em 16 de junho que a ação das várias forças de defesa permitiu acabar com “praticamente todas” as bases dos grupos terroristas que operam em Cabo Delgado.

“O resultado dessa conjugação de forças é surpreendente. Conseguiram desativar os terroristas de todas as vilas e aldeias que haviam sido ocupadas, destruíram praticamente todas as bases fixas do inimigo, tornando-os nómadas, e colocaram fora de combate muitos extremistas violentos, incluindo alguns dos seus principais dirigentes”, disse Nyusi, em Mueda, província de Cabo Delgado.

O chefe de Estado reconheceu o esforço das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, em conjunto com os militares do Ruanda, da missão dos países da África austral – que concluiu a retirada total em 04 de julho – e da Força Local, constituída por antigos combatentes da luta de libertação nacional, no combate a estes grupos nos últimos seis anos.

“Andam aí no mato, mas já não ficam num sítio porque têm medo de ser encontrados”, disse ainda, renovando o apelo à população “para continuar a reforçar a vigilância”.

// Lusa

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1 Comment

  1. “mas eram terroristas” traduzindo, era apenas muçulmanos a fazer coisas normais. Conquistar terra e espalhar paz do seu deus Lah

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