No horizonte, surge a possibilidade de novas medidas restritivas. O setor da Cultura retrai-se, numa altura em que já é possível sentir os reflexos negativos da evolução da pandemia.
Quebra na venda de bilhetes e cancelamentos de espetáculos. Os efeitos negativos já se fazem sentir e, caso se confirme um novo travão, com limitação de lotação das salas e de horários, a exigência de lugares sentados ou o encerramento dos espaços podem perspetivar tempos dramáticos para o setor da Cultura.
Ao Público, José Morais, da Produtores Associados, diz que seria a “machadada final“. Já Pedro Penim, diretor do Teatro Nacional D. Maria II, afirma que “a preocupação é perceber como iria o setor, já depauperado e muito fragilizado, sobreviver a novas restrições”.
As eventuais medidas restritivas ainda não são conhecidas, mas já há cancelamentos de espetáculos e programações suspensas, além de já se fazerem sentir os primeiros efeitos na venda de bilhetes.
José Morais dá o exemplo dos concertos dos seus artistas marcados para dezembro no Teatro Maria Matos, em Lisboa. “Depois dos primeiros anúncios [da possibilidade de serem impostas novamente restrições], as bilheteiras travaram imediatamente”.
A introdução de um novo travão, imposto pela evolução da pandemia, seria “para algumas instituições e companhias independentes o golpe de misericórdia”, afirma Pedro Penim.
Caso medidas como limitação de horários ou obrigatoriedade de lugares sentados entrem em vigor, as discotecas e espaços dedicados ao clubbing sofrerão o mesmo perigo.
Em declarações ao diário, José Morais diz-se “revoltado” com a possibilidade de uma nova imposição de restrições, “depois do esforço que o país fez em relação à vacinação” e tendo em conta o comportamento “exemplar” deste setor.
“Não houve nenhum surto que tenha tido origem num espetáculo ou evento cultural”, sublinha.
Da mesma forma, Pedro Penim lembra que, mesmo nos meses de reabertura, os teatros continuaram a respeitar as regras de segurança. “No teatro ninguém pode tirar a máscara, só os atores em cena, e todos os acessos à sala e aos equipamentos continuam a ser respeitados como antes. Nesse sentido não houve nenhum alívio.”.
“A haver restrições, que se compreenda que o risco de contágio dentro do teatro é inexistente, mesmo com a lotação máxima”, apela.