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Estudo sugere que os macacos podem ter-se domesticado como os humanos

Eiti Kimura / Flickr

Um novo estudo sugere que os macacos, tal como os humanos, podem envolver-se no processo de auto-domesticação, alterando o curso da sua própria evolução e fisiologia através da forma como se comportam uns com os outros.

De acordo com o site Science Alert, em experimentos com macacos saguis (Callithrix jacchus), os investigadores descobriram o que afirmam ser os primeiros dados que mostram uma associação entre o comportamento social vocal numa espécie animal e um traço de domesticação física em animais individuais.

Os saguis exibem um alto grau de tolerância social e pró-socialidade e comunicam uns com os outros revezando-se na vocalização. Numa pesquisa anterior, a equipa mostrou que os macacos bebés aprendem essas vocalizações de forma semelhante a como os bebés aprendem a falar: através do reforço social dos seus pais.

Porém, este tipo de feedback parental tem efeitos em mais do que apenas a técnica de vocalização. Um dos marcadores conhecidos de domesticação em saguis é uma característica de despigmentação: uma mancha branca na testa dos animais.

Os cientistas queriam investigar se havia uma ligação entre as trocas vocais e esta particularidade morfológica, que, se fosse encontrada, poderia ser tomada como evidência de uma forma de auto-domesticação.

Em experimentos com três pares de bebés gémeos de três famílias de saguis, cada um dos macacos bebés recebeu feedback vocal de um “pai simulado”: um computador projetado para soar como um adulto a responder aos seus próprios chamamentos.

No entanto, nessas sessões, conduzidas ao longo de dois meses, um dos gémeos de cada par recebeu 10 vezes mais feedback vocal do que o seu irmão. Os investigadores descobriram que a quantidade de treinamento vocal que os animais receberam estava ligada ao tamanho da mancha branca na sua cabeça, com o marcador de domesticação a aparecer maior e a crescer mais rápido se recebessem mais tempo de conversação.

A equipa sugere que este fenómeno se deve às células da crista neural, uma forma de célula estaminal que migra por todo o corpo durante o desenvolvimento inicial.

Um dos derivados das células da crista neural são os melanócitos, células produtoras de melanina responsáveis pela pigmentação da pele. Os investigadores afirmam que o simples ato de experienciar mais treino vocal atua como uma espécie de condicionamento de auto-domesticação que afeta o corpo em desenvolvimento do jovem sagui.

As conclusões desta equipa foram publicadas, no dia 15 de outubro, na revista científica Current Biology.

ZAP //

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