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Macacos “arrasaram” humanos num simples jogo de computador

Quando se trata de ganhar jogos e resolver quebra-cabeças, às vezes os macacos fazem-no de forma mais inteligente do que os humanos.

Para além das suas incríveis capacidades físicas, os macacos também mostram uma incrível “flexibilidade cognitiva”, ou seja, a habilidade de mudar rapidamente a forma como pensam e trabalham para resolver um problema.

De acordo com o Live Science,  uma nova investigação mostra que, enquanto os macacos conseguem tomar decisões rapidamente, os seres humanos ficam atrapalhados e fixam-se em estratégias ineficientes para resolver problemas.

No estudo, publicado em setembro na revista Scientific Reports, a equipa de investigadores colocou um grupo de cebíneos e macacos-rhesus contra estudantes universitários a jogar um simples jogo de computador.

No jogo, quatro quadrados apareceram no ecrã durante cada tentativa: um com riscas, um com bolas e dois brancos. Nos treinos, os jogadores aprendiam que clicar no quadrado com riscas e depois no quadrado com bolas faria com que um triângulo azul aparecesse no lugar de um dos quadrados brancos.

Clicar no triângulo azul dava uma recompensa: no caso dos humanos alguns gritos de euforia para demonstrar que tinham resolvido o problema, no caso dos macacos um cacho de bananas.

Durante o jogo, os cientistas introduziram um truque com batota para vencer o jogo sem seguir as regras. De repente, o triângulo azul começou a aparecer no início do jogo, ao lado dos quadrados. Se um jogador clicava no triângulo imediatamente, recebia logo a sua recompensa. Esse truque apareceu na metade dos ensaios seguintes.

Cerca de 70% dos macacos aproveitaram este truque na primeira vez que apareceu, e mais de 20% usaram esta estratégia sempre que possível. Em comparação, apenas uma pessoa num grupo de 56 adotou este truque quando apareceu pela primeira vez, e nenhuma usou a estratégia nas outras vezes em que teve oportunidade. Em vez disso, os humanos fizeram tal como foram ensinados, carregando nos quadrados com riscas e posteriormente nos que tinham bolas para que então aparecesse o triângulo.

Num experimento semelhante, os mesmos participantes viram um vídeo de outra pessoa a usar este truque e foram explicitamente instruídos a não “terem medo de tentar algo novo”. Mesmo assim, cerca de 30% das pessoas jogaram pelo seguro.

Os autores da pesquisa sugerem que as práticas educacionais podem tornar-nos mais propensos a fixarmo-nos numa estratégia de solução de problemas, em vez de tentarmos procurar alternativas.

Os investigadores notaram que os testes padronizados e uma educação formal nas sociedades ocidentais “podem incentivar a repetição mecânica e a procura por uma única solução correta”, escreveram no artigo.

No entanto, esse chamado viés cognitivo não é exclusivo das culturas ocidentais. Num experimento com Himbas, grupo étnico que vive no norte da Namíbia, os cientistas descobriram que, embora os participantes usassem o truque com mais frequência do que os ocidentais, 60% a 70% também não adotaram a estratégia.

Outro estudo com crianças com idades entre sete a dez anos descobriu que as crianças eram quatro vezes mais propensas do que os adultos a usar este atalho, embora mais de metade ainda se apegasse à estratégia aprendida. Babuínos incluídos no mesmo estudo usaram o atalho “imediatamente e em 99% dos testes”.

Os cientistas consideram que o estudo destaca como esta tendência pode prejudicar a tomada de decisões e limitar a nossa imaginação.

“É interessante pensar em como treinamos as nossas crianças a pensar de uma forma específica e a permanecer na caixa e não fora dela. Existem boas razões para fazermos o que fazemos, mas acho que às vezes isso pode meter-nos em muitos problemas”, conclui num comunicado a co-autora do estudo Julia Watzek, estudante de Psicologia na Universidade do Estado da Geórgia, nos Estados Unidos.

ZAP //

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