Estudo mostra estratégia que dá novas esperanças. Uma enzima gerada em células cancerígenas está na origem da nova abordagem.
Dos Estados Unidos da América, mais concretamente de Boston, Massachusetts, chega uma nova esperança para quem tem cancro do fígado.
Um estudo conduzido por especialistas do Instituto Nacional de Saúde e do Hospital Geral de Massachusetts apresentou um método promissor na luta contra esse cancro. Os resultados foram publicados na revista Nature Cancer.
Na base, sublinha o portal SciTechDaily, está uma enzima gerada em células de cancro de fígado que consegue transformar certos compostos em agentes anti-cancerígenos.
Assim, essa enzima consegue realmente destruir as células cancerígenas – e diminuiu a gravidade da doença nos ratos utilizados no estudo.
“Encontrámos uma molécula que mata células num raro cancro de fígado de uma maneira única”, analisou o cientista Matthew Hall, um dos líderes da pesquisa.
Matthew Hal explicou que foi feita uma triagem para encontrar moléculas que matam selectivamente células de cancro de fígado humano. E foi aí que foi descoberta a molécula convertida por uma enzima, nessas células cancerígenas do fígado, criando um medicamento anti-cancerígeno.
Ao estudar o cancro da via biliar, os investigadores queriam encontrar compostos e medicamentos eficazes contra a IDH1, a enzima (e as suas mutações) que caracteriza este cancro.
Após milhares de medicamentos terem sido testados, foi encontrada a molécula YC-1, que realmente matava células cancerígenas, mas não estava a afectar a mutação IDH1.
Depois descobriram a SULT1A1, uma enzima produzida pelas células de cancro de fígado. Essa SULT1A1 activou o composto YC-1, tornando-o tóxico para células cancerígenas e tipos de cancro de fígado em ratos.
Os ratos que foram tratados com YC-1 ficaram tumores hepáticos mais pequenos.
Mas os cancros em ratos que foram tratados com YC-1, mas sem a enzima SULT1A1, não registaram alterações.
Uma investigação mais profunda, pegando mesmo em dados nacionais dos EUA, confirmou que há vários tipos de compostos que dependem da SULT1A1 para matar tumores. E, através de simulações em computador, apresentaram uma lista de outros compostos que provavelmente também dependem de SULT1A1 para o mesmo fim.
Ou seja, os cientistas chegaram à conclusão que a SULT1A1 é essencial para desencadear, desenvolver, processos de eliminação de tumores. Não só no caso do YC-1.
É uma estratégia nova, e promissora, que pode abrir caminho para uma nova “era” de medicamentos contra o cancro, ligados à SULT1A1. Há uma “classe por explorar” nesse contexto.
O YC-1 e moléculas semelhantes serão protótipos para o desenvolvimento de compostos que podem ser eficazes contra proteínas importantes nas células. Haverá outros compostos dependentes de SULT1A1, com alvos diferentes.
A equipa deste estudo defende a criação de um “kit de ferramentas de moléculas activadas por SULT1A1”, que podem afectar muitos alvos diferentes, chegando a muitos tipos de enzimas.
Os investigadores acreditam que abriram caminho para uma nova abordagem para algumas doenças.