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Lula da Silva diz não ter “mágoa” pelos dias na prisão (e afirma que “Bolsonaro não pode continuar”)

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O ex-presidente do Brasil Lula da Silva disse hoje ter sido vítima “da maior mentira jurídica contada em 500 anos de história”, após as suas condenações no âmbito da operação Lava Jato terem sido anuladas, e acusou Sérgio Moro de ser um “Deus de barro que não dura muito”.

“Faz quase três anos que saí da sede do Sindicato dos Metalúrgicos para me entregar à Polícia Federal. Fui, obviamente, contra a minha vontade, porque sabia que estavam prendendo um inocente. Tomei a decisão porque não seria correto um homem da minha idade aparecer na capa dos jornais e na televisão como fugitivo”, afirmou Lula, na sua primeira declaração pública após as condenações no Paraná terem sido anuladas.

“Como tinha clareza das inverdades, tomei a decisão de provar a minha inocência perante o juiz Sergio Moro. Eu tinha tanta confiança e consciência do que estava a acontecer no Brasil e tinha a certeza de que o dia da verdade chegaria, e chegou. (…) Mas sei que fui vítima da maior mentira jurídica contada em 500 anos de história”, salientou o ex-chefe de Estado.

“A única forma de me apanharem era levar-me para a Lava-Jato”, defendeu também o antigo Presidente, que a fala de uma “quadrilha de procuradores do Moro”, que chegou a ser ministro da Justiça de Bolsonaro.

“Vou continuar a lutar para que Moro seja considerado suspeito. Não pode ser o maior mentiroso da história do Brasil e ser visto como herói”, atirou Lula da Silva, acrescentando que “Deus de barro não dura muito”.

Lula, que garante ser inocente, atribuiu às “falsas acusações” de corrupção contra si a morte da sua mulher, Marisa Letícia Lula da Silva, em 2017.

“Sei que a Mariza morreu por conta da pressão e o AVC se apressou. Fui proibido de visitar o meu irmão num caixão, enquanto estava preso. Se tem um brasileiro que tem razão para ter muitas e profundas mágoas sou eu, mas não tenho, porque o sofrimento que o povo brasileiro e os pobres estão passando neste país é infinitamente maior do que qualquer crime que cometeram contra mim”, lamentou.

“Não há dor maior do que levantar de manhã e não ter a certeza de um café com pãozinho com manteiga para tomar, do que não ter um prato de feijão com farinha para dar ao filho, do que saber que está desempregado e não terá salário para sustentar a família”, frisou o ex-mandatário.

Sobre a pandemia de covid-19, Lula da Silva fala de um “verdadeiro desgoverno” na gestão da pandemia e defende que a vacina é “uma questão de amor à vida”, pelo que o atual Presidente, Jair Bolsonaro, deve saber qual é o seu papel.

“Este país não tem Governo, não tem Ministro da Saúde e não tem Ministro da Economia. Este país tem um fanfarrão”, acusou. O Presidente está preocupado “em vender mais armas” e fazer o possível para “repetir muitas vezes a Marielle”.

“Quero voltar a andar pelo país a conversar com o povo. Bolsonaro não pode continuar. Alguma atitude vamos ter que tomar”, adiantou Lula à assistência.

“Sinto-me muito jovem para lutar muito. Quero que saibam que desistir, jamais. A palavra ‘desistir’ não existe no meu dicionário”, garantiu.

Depois de ser ilibado, Lula da Silva voltou a ser convocado para responder num processo por suspeita de corrupção, no qual é acusado de tráfico de influência, branqueamento de capitais e organização criminosa.

O ex-presidente brasileiro deve testemunhar em 27 de maio perante um juiz em Brasília num dos processos abertos contra si por suspeita de corrupção.

Segundo o Ministério Público, Lula da Silva usou a sua influência para que o Governo de Dilma Rousseff (2011-2016), sua sucessora na Presidência brasileira, adjudicasse à empresa sueca Saab uma licitação para a compra de 36 aviões caças modelo Gripen.

Os alegados crimes teriam sido cometidos entre 2013 e 2015, quando Lula já não era presidente do Brasil nem estava ligado ao Governo.

Hoje Lula da Silva falou à imprensa, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo, São Paulo, na presença de figuras políticas como Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) que perdeu a eleição presidencial para Jair Bolsonaro, em 2018, e Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

O juiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro, anulou na segunda-feira todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Justiça Federal no Paraná, relacionadas com as investigações da operação anticorrupção Lava Jato.

Isso não quer dizer que o antigo chefe de Estado brasileiro tenha sido inocentado já que os processos serão remetidos para a justiça do Distrito Federal, que vai reavaliar os casos e pode receber novamente as denúncias e reiniciar os processos anulados.

Com a decisão, porém, Lula da Silva voltou a ser elegível e recuperou seus direitos políticos.

ZAP // Lusa

7 Comments

  1. Ora vejam.
    Já diria o propagandista alemão ” mentiras repetidas mil vezes…”
    É parte do ditirambo dos políticos em todos os lugares em todos os tempos.
    Este, que não é diferente da maioria, é hábil e sabe como lidar com a chusma.
    Aos incautos que ouvem tal discurso vale chamar atenção para o fato de que em momento algum a decisão judicial inocentou o sátiro.
    Que o Altíssimo nos assista neste pesadelo.

      • Por Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Cassiano Dias, brazuka. Assim percebemos a miopia que atinge a uma parcela importante da população brasileira. Estás ao lado de lá de uma divisão da qual não faço parte. Enquanto enxergais desta forma, criminosos como o tal Inácio continuam a drenar os patacões dos cofres, levam não só com a esquerda, mas com as duas mãos cheias e, mesmo sem um dos dedos, carregam bem. Ineptos como o tal Bolsonaro só complementam o desastre. Ó, alarve, toma tento.

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