Uma equipa de investigadores de Cleveland, nos EUA, descobriu na Etiópia fósseis de uma nova espécie de hominídeo, que datam de 3,3 milhões a 3,5 milhões de anos – ou seja, ao mesmo tempo e no mesmo lugar que Lucy, o australopiteco mais antigo identificado – e que poderão ser a prova de que vários tipos de pré-humanos já viviam juntos.
A descoberta foi anunciada esta quarta-feira, num artigo publicado na revista Nature.
A equipa de investigadores, liderada por Yohannes Haile-Selassie, arqueólogo do Museu de História Natural de Cleveland, nos EUA, chama à nova espécie Australopithecus deyiremeda e afirma que se trata de um novo australopiteco, com base na descoberta de duas mandíbulas e um maxilar, com 3,3 a 3,5 milhões de anos, na área de Woranso-Mille, na região de Afar, na Etiópia, em 2011.
A descoberta foi feita próximo do sítio onde foi encontrado, em 1974, o esqueleto da famosa Lucy, uma fêmea da espécie Australopithecus afarensis – o mais antigo hominídeo conhecido.
“Esta descoberta mostra que havia pelo menos duas espécies de hominídeos contemporâneas na região de Afar, a viver há 3,3 a 3,5 milhões de anos atrás”, diz a equipa de investigadores, “e é uma confirmação adicional da diversidade taxonómica dos primeiros hominídeos no Leste de África durante a época do Plioceno Médio”.
“Um novo parente juntou-se a Lucy na árvore genealógica humana“, afirma Haile-Selassie.
Existem algumas diferenças entre Lucy e a nova espécie, que teria, defendem os cientistas, dentes mais pequenos, provavelmente devido ao facto de ingerirem alimentos diferentes.
Haile-Selassie defende que a descoberta “levanta o debate à volta da diversidade de hominídeos a outro nível”.
Lucy, cujo esqueleto, com 52 ossos, está mais de 40% completo, foi descoberta em 1974 pelos arqueólogos Donald Johanson, Maurice Taieb e Yves Coppens.
Com mais de 3,2 milhões de anos e com 1,10 metros de altura, a espécie de Lucy viveu entre 2,9 milhões e 3,8 milhões de anos atrás, durante um período mais longo do que o Australopithecus deyiremeda.
Durante muito tempo pensou-se que as diferentes espécies pré-humanas teriam vivido em diferentes alturas, umas a seguir às outras. Mas várias descobertas, no Chade e no Quénia, levaram a que se questione essa tese.
“Acho que chegou a altura de olharmos para este momento da evolução humana com uma mente aberta e de examinarmos cuidadosamente os fósseis disponíveis, em vez de os rejeitar quando não encaixam nas nossas hipóteses”, conclui Haile-Selassie.
ZAP
Era o australopetegui?