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Quase 5 mil euros por minuto: metade dos lucros dos bancos vem das comissões pagas pelos clientes

Valor representa um novo recorde: 2488 milhões de euros só em comissões em 2024. BPI lidera a lista e todos os bancos (menos um) aumentaram os valores cobrados em relação ao ano anterior. 

As comissões cobradas pelos cinco maiores bancos a operar em Portugal geraram lucros de 2488 milhões de euros em 2024, o equivalente a metade do resultado líquido total do setor bancário nesse ano, segundo o Jornal de Notícias com recurso a dados do INE.

Este valor representa um novo recorde e traduz-se em cerca de 4800 euros cobrados por minuto aos clientes. Mas o fenómeno não é recente: ao longo da última década, o aumento destes lucros superou a inflação acumulada no mesmo período.

O BCP liderou a lista dos bancos com maiores lucros através de comissões, com 809 milhões de euros, seguido da CGD (581 milhões), Santander Totta (452 milhões), BPI (327 milhões) e Novobanco (319 milhões). Todos os bancos, à exceção do Santander, aumentaram os montantes cobrados face a 2023. Analisando apenas a atividade em território nacional, os lucros provenientes de comissões atingiram os 2152 milhões de euros.

Grande parte destas receitas provém de encargos com a manutenção de contas bancárias, que, segundo a Deco Proteste, podem ultrapassar os 100 euros anuais por cliente comum. A obrigatoriedade de possuir uma conta bancária para interações com o Estado torna este custo praticamente inevitável, sendo considerada uma despesa imposta aos consumidores. A Deco alerta ainda para o aumento generalizado dos preçários, com o Novobanco, por exemplo, a subir recentemente uma das suas comissões em 15%.

Os bancos justificam os aumentos das comissões com o crescimento da atividade bancária, especialmente no setor dos seguros. A CGD e o BPI afirmam não ter aumentado comissões, atribuindo os lucros à expansão dos serviços financeiros. Já o BCP e o Novobanco apontam para a “otimização de preços” e para a venda de seguros bancários (“bancassurance”).

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, tem sido um dos críticos mais contundentes da política comercial dos bancos, sobretudo após o aumento das taxas de juro em 2023, que impulsionou os resultados da banca.

ZAP //

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