Luaty Beirão luta agora para recuperar 23 quilos e provar inocência

José Sena Goulão / Lusa

Vigília por Luaty Beirão em Lisboa

Vigília por Luaty Beirão em Lisboa

O ativista angolano perdeu 23 quilos na greve de fome que hoje terminou, iniciando agora “batalhas” pela recuperação física e para provar a inocência em tribunal, disse a esposa em entrevista à Lusa.

“Percebeu que realmente o objetivo dele já estava alcançado e que agora tem que se preparar para o próximo passo. É uma decisão que ele tomou por causa de um somatório de acontecimentos, de apelos, e está normal. Tem que recuperar, porque foram 36 dias sem comer”, explicou à Lusa a esposa Mónica Almeida, após visitar o ativista na clínica privada onde se encontra detido, assumindo o “alívio” da família, face ao agravar do seu estado de saúde.

De acordo com a mulher, os apelos da sociedade civil, as vigílias e as “cartas dos colegas”, os restantes 14 ativistas detidos no mesmo processo, foram “decisivas para o fim da greve de fome”, numa altura em que o rapper pesa 62 quilos, menos 23 do que quando iniciou a greve de fome, a 21 de setembro, exigindo aguardar julgamento em liberdade.

“Está a recuperar, mas continua convicto”, explicou, reconhecendo que, agora, com a família “mais aliviada”, começam novas batalhas para Luaty Beirão, iniciando um processo de realimentação, durante alguns dias, com base em líquidos. “Na verdade são duas [batalhas]. Recuperar a forma física e o julgamento”, admitiu.

“Todos os minutos pesavam e pensávamos que pudesse acontecer o pior. Agora estamos bastante mais aliviados, sim”, confessou a esposa, apesar de ainda estar apreensiva com os mais de 20 quilos perdidos pelo ativista em 36 dias de greve de fome.

O músico, que também tem nacionalidade portuguesa, é um dos 15 angolanos em prisão preventiva desde junho, sob acusação de atos preparatórios para uma rebelião em Angola e um atentado contra o Presidente da República.

Os restantes 14 aguardam julgamento no hospital-prisão de São Paulo, em Luanda, tendo Luaty Beirão pedido anteriormente para sair da clínica privada onde se encontra por precaução para se juntar aos colegas, em solidariedade.

“O julgamento é daqui a 20 dias e para quem esteve em greve de fome é muito pouco para recuperação. Mas certamente que vai estar melhor do que se estivesse em greve de fome”, disse ainda Mónica Almeida.

O rapper e ativista angolano terminou esta terça-feira a greve de fome de protesto, mas avisou que não vai desistir de lutar pelo fim da “greve humanitária e de Justiça” em Angola.

De acordo com Mónica Almeida, por instruções de Luaty, a filha de ambos, com dois anos, vai continuar sem visitar o pai.

“Não quer que a filha o veja nessas condições, deitado numa cama. Se tudo correr bem, o melhor é regressar a casa e a filha vê-lo entrar da mesma forma que o viu sair, pela última vez, a 20 de junho”, concluiu a esposa.

/Lusa

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