Fernando Villar / Lusa

O presidente de Angola, João Lourenço
O presidente eleito de Angola, João Lourenço, que sucederá a José Eduardo Dos Santos após 38 anos no poder, afirmou em entrevista à EFE que abrirá o país ao investimento estrangeiro, privatizará empresas e consolidará a rota para o livre mercado.
“Reformador? Vamos trabalhar para isso, mas claro, Gorbachev não, Deng Xiaoping sim”, respondeu Lourenço quando se pergunta se procura ser o Mikhail Gorbachov angolano, durante a visita privada que realizou a Madrid após ganhar a 23 de agosto as eleições no seu país.
“Assumo o desafio com muita confiança apesar das dificuldades”, disse, ao reconhecer que “a situação financeira é menos boa por causa da queda dos preços do petróleo”.
A força de Angola é a paz de 2002, que permitiu realizar três eleições pacíficas desde essa data e obter um crescimento sem precedentes, ainda que com as marcas da pobreza e a corrupção.
O objetivo de Lourenço é “o desenvolvimento económico e social” e para isso convida investidores estrangeiros: “vamos trabalhar para criar bom ambiente de negócios e vamos modificar a nossa política de vistos porque até agora foi um impedimento”, adiantou. As chaves serão a diversificação e as privatizações.
“O nosso país, Angola, pode sobreviver, tem recursos além do petróleo“, disse ao enumerar os quatro setores que requeriam investimentos: indústria agrícola, indústria mineral, pesca e turismo.
“Angola tem uma grande extensão, muitas terras cultiváveis, muita água, um clima muito propício que não tem inverno e pode ser uma grande potência agrícola, do tipo do Brasil”, destacou.
E conta com “grande quantidade de minerais, como diamantes, ouro e ferro”; e “noutros tempos foi um grande produtor de pesca e mariscos“, revelou. Esse grande litoral – continuou – permitirá também o desenvolvimento do setor turístico. Para tudo isso é preciso construir infraestruturas, e aí é onde Lourenço faz uma chamada aos investidores.
A privatização “é uma possibilidade que está aberta. Quais empresas? Não lhe posso dizer, isso vamos estudar caso a caso, e irá fazê-lo o novo Executivo”, respondeu ao ser questionado acerca dessa possibilidade.
“Vamos estudar a possível privatização daquelas empresas estatais que são pesos mortos para o país, que não são rentáveis, que estão a custar muito dinheiro aos cofres do Estado”, afirmou.
Neste contexto, reconheceu que a pobreza continua a ser um problema urgente: “Durante os últimos 15 anos fomos reduzindo o índice de pobreza, ainda que reconheçamos que continua a existir”.
Prometeu tomar medidas a favor da inclusão económica e social: “O Estado não pode ocupar-se de todos os cidadãos. Por isso apostamos no setor privado, é a solução para o problema do desemprego”, argumentou.
Quanto à corrupção, disse: “estamos conscientes que existe, no MPLA reconhecemos, sabemos que é dos maiores males que sofre a nossa sociedade”.
“O que procuramos, sabemos que vai ser difícil, é chegar a níveis não vamos dizer aceitáveis, mas que existem em nível internacional. E estamos decididos a lutar essa batalha”, indicou.
Lourenço recebe um Governo construído durante 38 anos por Eduardo dos Santos, que se retira do poder mas não da presidência do MPLA.
“Está claro que o MPLA vai interferir nas políticas do governo porque é o partido mais votado, tem 61% dos votos. Não seria justo pensar que o MPLA não iria dirigir as políticas do novo governo, então quem seria? O partido menos votado? Sem dúvida o novo governo vai seguir os ideais do MPLA”, sublinhou.
Mas tem claro que a sua missão é distinta da do seu antecessor: “consolidar as bases da economia de mercado”.
“O passo do marxismo-leninismo em direção a uma democracia multipartidária ou economia de mercado começou em 1991″, assegurou Lourenço, ao reafirmar que: “é um processo que não acontece da noite para o dia, nós vamos consolidá-lo, e vamos respeitar as bases da economia de mercado“.
// EFE
E no final… fica tudo igual… com a família de José Eduardo dos Santos a continuar a mandar por trás!
Para já ficamos apenas a saber que o novo presidente não sabe conjugar o futuro do verbo fazer com o artigo “o”. “… e fará-o o novo Executivo”. Será assim de acordo com o novo Acordo Ortográfico???
Angola é nossa, primeiro dos angolanos, claro, e depois de todos nós, os verdadeiros amigos de Angola e do povo angolano.
O seu reinado será talvez um misto do comunismo soviético e do chinês, qualquer das formas depois da monarquia capitalista de Eduardo dos Santos este também irá criar a sua monarquia de compadres e capital, não irá fugir à regra de qualquer governo comunista.
Observador tu e o teu português bem falado. O que importa isto agora. Esperemos que ele cumpra com o que prometeu.
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Se não tiveres nada a dizer que pelo menos ajude este povo a adquirir um pouco de dignidade e respeito pelo voto, aconselho-o a ficar calado.
O povo é tem o que elegeu. Vão privatizar as empresas. Ou seja, os seus administradores oficiosos serão oficializados…
Ou, as empresas serão privatizadas por quem der mais dinheiro, ou seja, regressarão à família Santos…