Uma das mais antigas livrarias de Pequim tornou-se esta semana a primeira da cidade a estar aberta toda a noite, numa tentativa de acordar o público para o prazer da leitura e dos livros.
A iniciativa só será formalmente lançada a 23 de abril, mas a livraria Sanlian Taofen, no centro de Pequim, já começou a testar o novo horário (24 hora por dia) e logo na primeira noite faturou mais de 14.000 yuan (1.650 euros), correspondendo a 150 vendas, disse a imprensa local na sexta-feira.
Outra fonte de atração, o café do segundo piso da livraria, gerido por uma cadeia chamada “Esculpindo o Tempo”, também está aberto toda a noite.
A ideia inspira-se no sucesso de uma livraria de Taiwan, a Eslite, que há treze anos adotou aquele horário.
“Quando visitei Taiwan, em 2010, fiquei emocionado com o grande número de leitores que encontrei uma noite na livraria Eslite”, disse o presidente da empresa proprietária da Sanlian Taofen, Fan Xian.
Segundo uma sondagem da Academia Chinesa de Imprensa e Publicações citada pelo Global Times, em média, os chineses entre os 18 e 70 anos leram apenas 4,39 livros e 2,35 livros eletrónicos em 2012, o que equivale a menos de meia hora de leitura por dia.
“Os números melhoraram em relação a 2011, mas são ainda muito inferiores aos de muitos outros países”, comentou o jornal.
No relatório apresentado o mês passado à Assembleia Nacional Popular (parlamento), o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, prometeu “encorajar o povo a ler”, o que foi interpretado como um sinal da importância que o governo atribuiu ao fenómeno.
Desde o início deste ano, os impostos sobre os livros vendidos em livrarias baixaram e foi criado um fundo especial de um milhão de yuan (cerca de 117.600 euros) para apoiar o comércio livreiro tradicional, refere o Global Times, jornal em língua inglesa do grupo Diário do Povo, o órgão central do Partido Comunista Chinês.
A Sanlian Taofen, fundada em 1948, tem cerca de 80.000 títulos à venda, espalhados por 1.500 metros quadrados.
Sede de um município com cerca de vinte milhões de habitantes e uma área equivalente a quase metade da Bélgica, Pequim é considerada a “capital cultural” da China, enquanto Xangai é a “capital económica”.
Um romance de 300 páginas de um autor estrangeiro custa cerca de 30 yuan (4 euros), o que corresponde ao dobro do salário mínimo à hora em Pequim.
/Lusa