“Listen” já não é o candidato português aos Óscares. Foi rejeitado pela Academia

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A Academia de Cinema dos Estados Unidos rejeitou a candidatura portuguesa do filme “Listen”, de Ana Rocha de Sousa, à nomeação para Melhor Filme Internacional, anunciou esta sexta-feira a Academia Portuguesa de Cinema (APC), que abriu um novo processo de seleção.

O filme “Listen”, que foi escolhido para candidato português aos Óscares de 2021 na categoria de “Melhor Filme Internacional”, é a primeira longa-metragem da realizadora Ana Rocha de Sousa e conta a história de uma família portuguesa emigrada no Reino Unido que vê a vida a andar para trás quando os serviços sociais britânicos lhe retiram a guarda dos filhos, por suspeitas de maus tratos.

No entanto, a Academia de Cinema dos Estados Unidos acabou por o desclassificar por causa da língua.

“Após análise do filme Listen de Ana Rocha de Sousa, o International Feature Film Executive Comittee considerou a candidatura não elegível e solicita o envio de um novo candidato com a máxima urgência possível”, pode ler-se no comunicado da academia.

A APC realça que “o fator de exclusão prende-se com um dos critérios de elegibilidade que obriga a que pelo menos 50% do filme candidato seja falado em língua não-inglesa“.

Segundo avança a SIC, a película de Ana Rocha de Sousa apresenta apenas 10 minutos de diálogo em língua não-inglesa e 21 minutos de diálogo em língua inglesa, o que faz com que apenas 32% do filme seja falado em língua não inglesa – menos do que é exigido pela Academia de Cinema dos Estados Unidos para a categoria de Filmes Internacionais.

“Por esta razão e por ser candidato como um filme português foi desclassificado”, explica Ana Rocha de Sousa em declarações à SIC.

Aquando do anúncio de “Listen” como o candidato português, em novembro, o presidente da APC, Paulo Trancoso, já havia explicado à agência Lusa que era possível ter de escolher outro candidato.

“Esperemos que não haja entraves, só um comité específico fará a análise dos filmes. Mas não poderíamos coartar o filme a ser candidato. O filme tem língua inglesa, tem língua portuguesa, tem língua gestual, o contexto da linguagem está adequado, é uma história facilmente identificável que é sobre uma comunidade portuguesa”, disse o presidente da APC à agência Lusa, quando o filme foi escolhido.

Na altura, em resposta à APC, a academia norte-americana terá comunicado “que apenas poderiam deliberar sobre a elegibilidade de um filme após o encerramento do prazo regular de submissões, existindo sempre a possibilidade de submeter um novo candidato caso o primeiro fosse rejeitado”.

“Atendendo ao facto de que o filme justifica o recurso à língua inglesa por retratar a história de um casal imigrante português em Londres, e que uma parte considerável do mesmo tem diálogos em português e em língua gestual, o filme foi pré-selecionado pelo comité de seleção e acabou por ser o mais votado pelos membros da APC”, recorda.

“Listen” foi o filme mais votado entre os membros da APC, numa escolha que incluía ainda: “Mosquito”, de João Nuno Pinto, “Patrick”, de Gonçalo Waddington, e “Vitalina Varela”, de Pedro Costa.

O realizador Gonçalo Waddington também já reagiu através de uma publicação na rede social Facebook: “Parece que a Academia do Cinema Português vai repetir a votação do filme candidato a Oscar para filme estrangeiro!”

“Mas é pena que a Academia Portuguesa desconheça regra da língua que consta no regulamento dos Óscares da Academy of Motion Pictures, Arts and Sciences”, acrescentou.

Os três filmes deixados para trás na primeira votação voltam agora a ser colocados à escolha, numa votação que vai decorrer entre a meia-noite desta sexta-feira e as 23h59 de domingo.

Adiada oito semanas devido à pandemia, a 93.ª edição dos Óscares, prémios norte-americanos de cinema, está marcada para 25 de abril de 2021, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Os filmes contemplados poderão estrear-se até o final de fevereiro e as nomeações para os Óscares serão conhecidas em março.

Sofia Teixeira Santos, ZAP // Lusa

5 Comments

  1. Querem é filmes “formatados”. Heis um exemplo, de caras, em como o “Mainstream” é o controlador social das massas. O mesmo acontece com a música. É dar a comer muitas “Rianas” e “Byonces” com fartura! Este é o verdadeiro controlo. O da mediocricidade. Não as teorias da constipação sobre pedofilos organizados no poder.

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