O vereador da Segurança da Câmara de Lisboa, Carlos Castro, apresentou este sábado aos moradores da Rua Padre António Vieira uma proposta de limitação do trânsito à noite naquele bairro da capital para evitar prostituição e tráfico de droga.
Segundo o vereador Carlos Castro, não se trata de uma imposição de políticas locais à população, pelo que a medida ainda vai ser submetida a “uma consulta, o mais abrangente possível, dos moradores do bairro”.
A Rua Padre António Vieira situa-se num bairro residencial, junto ao Parque Eduardo VII, na freguesia das Avenidas Novas. Os residentes queixam-se da prostituição e do tráfico de droga na zona, que, dizem, tornaram habituais o ruído, a insegurança, o elevado tráfego e a sujidade.
A solução proposta pela Câmara de Lisboa prevê a colocação de uma sinalização vertical, entre a rua Marquês Subserra e a Marquês de Fronteira, que proíba durante o período nocturno a circulação de viaturas, à excepção de residentes, transportes públicos, recolha do lixo e veículos de socorro.
Cerca de 50 moradores da Rua Padre António Vieira e das artérias circundantes participaram este sábado numa reunião promovida pela freguesia das Avenidas Novas, em conjunto com a Câmara de Lisboa e a Comissão de Moradores do Alto do Parque Eduardo VII, para analisar os problemas do bairro.
“Tenho imensas vezes prostitutas dentro do prédio, tenho preservativos nas caixas de correio, tenho um verdadeiro nojo no prédio, pago um IMI brutal, mais caro da cidade e portanto sinto-me altamente injustiçada”, disse Maria João, residente na Rua Padre António Vieira.
“Âncoras do fenómeno”
Um outro morador, que não se identificou, referiu que a origem para o problema da prostituição e tráfico de droga está há anos associada a um prédio devoluto na esquina da rua Padre António Vieira, que devia estar emparedado.
“Faz-se tudo, desde droga, prostituição e tudo mais que se quiser fazer, porque é um prédio enorme e tem quartos que podem ser utilizados com velas”, contou.
Os moradores referiram ainda que, desde o verão passado, um bar instalado há anos naquela rua começou a servir como “uma âncora” destes fenómenos, juntando prostitutas e traficantes.
O estabelecimento fechou em Julho devido a problemas de insonorização, mas voltou a abrir em Setembro.
Uma das pessoas responsáveis pela Comissão de Moradores disse à Lusa que a prostituição nesta zona “é um problema que tem quarenta anos, mas não pode ser dado por eterno”.
Problemas e soluções
“Não queremos educar os nossos filhos neste ambiente. Temos medo de sair à rua, é uma insegurança permanente. Isto é uma verdadeira vergonha, à noite o ruído, de manhã o lixo proveniente do que se passou toda à noite”, disse.
A maioria dos moradores defendeu a proposta de restrição do trânsito durante à noite, sugerindo também um reforço da iluminação da via pública, uma maior presença policial e a instalação de câmaras de videovigilância.
Para o vereador da Segurança, a restrição da circulação de veículos à noite é, “neste momento, a solução mais fácil de implementar e aquela que vai permitir à Polícia de Segurança Pública (PSP) e à Policia Municipal intervir”.
“Se procurarmos secar a procura de prostituição e tráfico de droga dentro do bairro, seguramente a qualidade de vida no interior do bairro melhorará”, explicou.
Numa fase inicial, a Câmara de Lisboa estudou a colocação de pilaretes, mas “era um investimento extremamente elevado, quase na ordem de um milhão de euros”, referiu.
Depois da consulta pública, o vereador prevê ter uma decisão sobre medidas a aplicar no primeiro trimestre de 2015.
/Lusa