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Linha de Fundo: O Alpinista Descendente

Crónica ZAP - Linha de Fundo por Teófilo Fernando

Maior animação no topo da tabela. Um líder em queda, o dragão europeu, uma águia mais artística. Números e frases da semana, visto da Linha de Fundo.

Fama sem proveito

  • Sporting CP (Pedro Gonçalves 25′) 1 – 1 FC Famalicão (Anderson Oliveira 27′)

O Alpinista Descendente, livro de Carlos Alfredo Couto Amaral, é uma metáfora da vida. Ascendemos com o ideal aceso no coração. O hábito valoriza o esforço da ascensão, embora quaisquer momentos tragam sentido à existência. Mesmo nos instantes em que nos bastidores desmontamos a cena. Para o alpinista existencial na escalada há a possibilidade da “queda”, ou, a inevitabilidade do ato descendente.

Segundo empate consecutivo dos leões. A margem de avanço ainda é confortável, mas sente-se a pressão, algum nervosismo, motivo que certamente Rúben Amorim terá que trabalhar para enfrentar a reta final do campeonato. Não será disparatado pensar que vai começar outro campeonato.

Frente ao Famalicão, equipa que estranhamente chegou a andar no último lugar da Liga, o líder não deu a resposta esperada, apesar da previsível dificuldade que o transfigurado adversário seria capaz de causar em casa do líder.

Obrigado a vencer para manter a vantagem pontual, o Sporting assumiu o jogo tal como a equipa mais gosta de fazer, mas sentiu muitas dificuldades para entrar em zonas de perigo. Apostando no contra-ataque, o Famalicão tratou de causar dificuldades, espreitando sempre a tentativa causar dano nos erros na saída de jogo da equipa de Rúben Amorim.

Depois de uma primeira parte mais dividida, os leões cresceram na segunda metade, correram mais riscos, acabando o jogo a somar oportunidades para desfazer o empate. Resistiu o Famalicão na fase final da partida, com o tudo por tudo leonino. A equipa de Ivo Vieira foi arrojada quando possível e soube sofrer quando teve de ser.

Os leões voltaram a mostrar um futebol muito abaixo do que já exibiu esta época. A equipa cresceu na segunda parte, apertou nos minutos finais, mas a sorte desta vez não quis nada com o líder.

Com este resultado, o segundo empate seguido dos leões no campeonato, o que acontece pela primeira vez esta temporada, o Sporting soma 66 pontos e reduz de oito para seis a vantagem pontual sobre o FC Porto, segundo classificado.

Rigor depois de Sevilha e antes de lá voltar

  • CD Tondela 0 – 2 FC Porto (Toni Martínez 19′, Medhi Taremi 83′)

Um jogo sério e competente dos dragões. Com alterações no onze, Taremi e Evanilson a titulares e com Marega, Taremi, Mbemba e Sérgio Oliveira, no banco de suplentes, os campeões entraram a exercer muita pressão e autoridade, não dando possibilidade ao Tondela de passar para o relvado o que tinha planeado para o jogo.

Uma postura agressiva foi determinante para o desfecho do encontro. Uma entrada a matar, sempre com o pé no acelerador. Excelente primeira parte da equipa treinada por Sérgio Conceição, em modo Champions, antes de voltar a Sevilha para decidir o futuro europeu. Só em alguns períodos da segunda parte é que o Tondela conseguiu dividir o jogo, mas sem consequências.

Vitória merecida, entre a eliminatória com o Chelsea, com a equipa a dar uma resposta musculada, mesmo quando o momento físico tem que ser gerido com delicadeza. A promessa foi cumprida e a equipa de Sérgio Conceição comprovou que encarou o jogo como uma verdadeira final e só sossegou quando ouviu o apito para o final do jogo.

Em Tondela, o FC Porto chegou cedo ao golo – excelente execução de Toni Martínez – depois passou a gerir o jogo com posse de bola, acutilância ofensiva, mantendo o adversário vigiado. Ainda tentou crescer o Tondela, mas sem efeitos práticos. Já perto do final da partida, dúvidas desfeitas com Taremi a marcar e a garantir de forma merecida o triunfo aos dragões.

Agora é voltar a fazer as malas e regressar a Sevilha. Venha o Chelsea… e boa sorte.

Do vermelho ao vermelhão

  • FC Paços de Ferreira 0 – 5 SL Benfica (Diogo Gonçalves 38′, Rafa Silva 45′, Haris Seferovic 45′ e 78′, Darwin Nuñez 89′)

Vitória expressiva e inteiramente justa das águias. O que em teoria de apresentava como um jogo complicado, frente a um “castor” que é uma das melhores equipas da Liga, os encarnados golearam, vivendo um dos melhores momentos da temporada. Mas tudo ficou marcado por um lance aos 22 minutos.

A partir desse momento o rumo da partida alterou-se por completo. Entrada de Stephen Eustáquio sobre Weigl. Hugo Miguel viu um lance para cartão amarelo. O VAR interpretou de forma diferente e chamou a atenção do árbitro para reavaliar a situação no monitor. O cartão amarelo foi anulado e passou para vermelho direto. O jogo mudou e passou a ser de sentido único.

O Paços de Ferreira, equipa habitualmente disposta a jogar futebol de ataque, ficou muito cedo privado de uma das seus melhores peças, sem que os pacenses conseguissem oferecer resistência à pressão encarnada.

O Benfica alcançou o sexto triunfo consecutivo na Liga, o sétimo jogo seguido sem sofrer golos na competição e ainda chegou a um dos resultados mais volumosos da época em casa do quinto classificado (0-5), um Paços de Ferreira que ficou sem argumentos após a expulsão precoce mas justificada Eustáquio, ao minuto 22.

Haris Seferovic conseguiu um das melhores exibições com a camisola encarnada, com dois golos e duas assistências, uma grande noite do suíço. O Benfica passeou na Mata Real, aproveitando a incapacidade do adversário, jogando sempre em alta voltagem.

O Paços de Ferreira, sem argumentos, acabou por ser goleado, um castigo pesado, com a equipa a manter a dignidade até ao final. Pela frente teve um Benfica a fazer uma das melhores exibições da temporada. A equipa da Luz está mais dinâmica, mais alegre, tem crescido nas últimas jornadas, já conseguindo ganhar com nota artística.

Números da Semana

  • 26 – O Sporting de Rúben Amorim igualou o registo histórico de Lazlo Boloni (2001/02) com 26 jogos sem perder na Liga. É o melhor registo da história dos leões no campeonato.
  • 5 – Portugal continua no quinto lugar do ranking da FIFA. A Itália foi a seleção que teve a maior subida, chegando ao sétimo lugar numa lista liderada pela Bélgica, seguida da campeã mundial França, segunda, e do Brasil, terceiro. A Inglaterra ocupa o quarto lugar, à frente de Portugal, quinto, e de Espanha, sexta.
    Entre as seleções lideradas por treinadores portugueses, a Polónia estreou Paulo Sousa no arranque do apuramento, com uma vitória (Andorra), um empate (Hungria) e uma derrota (Inglaterra), e caiu dois lugares, para o 21.º posto
    Por sua vez, a Venezuela de José Peseiro desceu duas posições, de 28.ª para 30.ª, sem que tivesse competido, por integrar a zona de qualificação sul-americana. Já a Coreia do Sul, treinada por Paulo Bento, desceu de 38.ª para 39.ª, enquanto os Camarões, de António Conceição, mantiveram o 50.º posto, e o Bahrain, de Hélio Sousa, desceu a 99.º.
  • 6 – Sexta vitória consecutiva do SL Benfica no campeonato. A melhor série na prova. Nos últimos seis jogos que venceu, não sofreu qualquer golo.
  • 16 – Bis de Paços de Ferreira em Paços de Ferreira, com o suíço a chegar aos 16 golos na Liga.
  • 50 – Matheus Uribe cumpriu o jogo 50 na Liga portuguesa (45 a titular pelo FC Porto).
  • 50 – Helton Leite cumpriu jogo 50 na Liga Portuguesa (42 jogos pelo Boavista e 8 jogos pelo SL Benfica).
  • 100 – Wilson Manafá cumpriu o jogo 100 pelo FC Porto, frente ao Chelsea, na 1.ª mão dos quartos-de-final da Champions. Foi lançado em Janeiro 2019 por Sérgio Conceição contra o Belenenses SAD no estádio do Dragão.
  • 2025 – O Manchester City acertou a renovação de contrato com Kevin de Bruyne. O médio belga de 29 anos prolongou a ligação aos citizens por mais duas temporadas, o que significa que tem agora contrato até 2025. De Bruyne chegou ao Manchester City em 2015, proveniente o Wolfsburgo e fez 255 jogos com a camisola dos citizens, tendo marcado 65 golos e feito 105 assistências.
  • 56 – Os remadores portugueses Pedro Fraga e Afonso Costa para os Jogos Olímpicos de Tóquio. Pedro Fraga e Afonso Costa tornaram-se os primeiros remadores portugueses a alcançarem a qualificação para os Jogos, que foram adiados para este ano devido à pandemia de covid-19 e vão realizar-se na capital japonesa entre 23 de julho e 8 de agosto. São já 56 o número de atletas portugueses apurados para os Jogos.
    A seleção portuguesa masculina de andebol tinha sido a última assegurar o apuramento. Além do remo e andebol, Portugal tem atletas apurados para o atletismo, canoagem, natação, desportos equestres, ténis de mesa, vela, ciclismo, ginástica-artística, tiro com armas e surf.

Frases da Semana

“Não vou falar sobre arbitragem. Podíamos ter ganho o jogo. Temos um bom campeonato, temos um campeonato cheio de artistas, já sabíamos disso. Vamos dar mérito aos jogadores e por isso não vou falar de arbitragens. Foi o fiscal de linha que me expulsou, o árbitro nem sabia bem porque me estava a expulsar. Não concordo com a minha expulsão, mas é o que é.” Rúben Amorim, treinador do Sporting CP.

“O facto de o Paços ter menos um jogador contribuiu para que o jogo se tornasse mais fácil. Mas foi uma boa expulsão. Se eu fosse presidente do Paços, multava-o porque ele prejudicou a equipa dele. E ele quis magoar o Weigl. Estas jogadas já não se usam muito. E antes disso houve uma grande penalidade sobre o Waldschmidt, a terceira que este árbitro não nos marca. Mas só falo nisto porque ganhei 5-0. Foi uma noite muito forte do Seferovic, que fez dois golos e duas assistências. O Eustáquio pôs o Paços a jeito, e a gente marcou cinco.” Jorge Jesus, treinador do SL Benfica.

“Se eu fosse presidente do Jorge Jesus, multava-o pela forma indigna como se referiu a um profissional de excelência. Mas, é só mais uma pérola de um grande treinador que não tem outras dimensões, infelizmente.” Paulo Meneses, presidente do FC Paços de Ferreira.

“Ele é um dos melhores profissionais com que já trabalhei até hoje. Sou novo, estou nisto há pouco tempo, mas o Eustáquio é só um dos melhores profissionais que trabalhei até hoje. Portanto, não tem maldade nenhuma, tentou ganhar a bola, não projetou o corpo. Espero que o Weigl esteja bem, sinceramente, porque não há maldade nenhuma. Temos que ter cuidado com o que dizemos. Parabéns ao Benfica, ganhou, foi melhor, foi superior, mas trata-se de um dos melhores profissionais com quem trabalhei até hoje e não admito que digam esse tipo de situação.“ Pepa, treinador do FC Paços de Ferreira.

“A primeira coisa que fiz depois do jogo foi ter com o árbitro Hugo Miguel e pedi desculpa porque, depois de rever o lance, soube que tinha sido bem expulso. Tenho um metro e setenta e oito, mas uma alma do tamanho do mundo que me permite lutar por sonhos e alcançar objetivos. Graças a Deus, tenho 24 anos e muito ainda para andar, muito jogo para ganhar e muito duelo para vencer. Só quem me conhece sabe, mordo quando tenho que morder e ajudo quando um irmão precisa. Isto ainda agora começou, tenho muitos jogos pela frente…” Stephen Eustáquio, jogador do FC Paços de Ferreira.

“Fico mesmo mal-humorado com as derrotas. Já era assim em criança e nunca cheguei a mudar. Sou difícil de aturar nessas alturas. O Manchester United foi feito para conquistar títulos e todo o ambiente gira à volta disso. Neste clube, não há mais nada a fazer do que conquistar troféus.” Bruno Fernandes, jogador do Manchester United.

“Façam o que quiserem, marquem quando quiserem, de dois em dois dias, três em três em dias… Não queremos saber, queremos jogar. Já falei muito sobre isso. Se acham que o melhor é ter uma Supertaça e uma Recopa pelo meio… Estamos aqui para jogar e ganhar. Descansamos quando formos velhos.” Abel Ferreira, treinador do Palmeiras.

“Gostaria de ter as minhas cinzas espalhadas no Estádio Hotspur. Não tenho qualquer ligação profunda com Londres além do Tottenham, então é um lugar tão bom quanto qualquer outro.” Eric Dier, jogador do Tottenham.

“Para mim é a pergunta é difícil porque sou adepto da Argentina, mas também sou fã de Cristiano Ronaldo e do Manchester United. Acho que o Cristiano tem algo mais do que Messi não tem porque mostrou o seu valor em Itália, Espanha e também na Premier League. Nesse caso, a minha resposta é Cristiano Ronaldo”. Usain Bolt, antiga estrela do atletismo, recordista mundial e olímpico nos 100 e 200 metros.

“É um estilo de futebol completamente diferente, mas felizmente os colegas ajudaram na minha receção. A equipa técnica ajudou-me bastante, mas acho que não me adaptei totalmente, sei que posso e devo fazer muito mais.” Nélson Semedo, jogador do Wolverhampton.

“Distraímo-nos! Também cometi muitos erros. E voltaria a cometê-los, pois é a minha primeira época como treinador. Se lamento mais o insucesso na Serie A ou na Champions? Nas duas! Tivemos a chance de seguir em frente, porque o FC Porto esteve ao nosso nível, mas não jogámos da forma adequada.” Andrea Pirlo, treinador da Juventus.

Teófilo Fernando, ZAP //

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