Os neutrinos estão a ficar mais pequenos – isso é bom para a Física

(dr) Baikal GVD

Telescópio de neutrinos

Físicos estabeleceram um novo limite para a massa do neutrino. Podem ter aberto um caminho para uma nova maneira de olhar para a Física.

É a medição mais precisa até agora do limite máximo possível da massa de um neutrino.

O anúncio desta equipa de físicos aparenta ser um grande avanço no campo da física de partículas; uma partícula subatómica tão evasiva que é frequentemente apelidada de “fantasma” do universo.

O estudo será um passo importante rumo à descoberta de uma física para além do Modelo Padrão – a principal, mas incompleta, teoria que rege as partículas fundamentais.

Os cientistas mediram o limite de massa de um tipo de neutrino, fixando um novo máximo de 0,45 elétrons-volt — a estimativa anterior, de 2022, era de 0,8 elétrons-volt. Este novo limite superior torna os neutrinos cerca de um milhão de vezes mais leves do que os eletrões.

A massa exata dos neutrinos continua a ser uma incógnita – mas determinar o seu limite superior é um marco crucial.

Durante muito tempo, o Modelo Padrão assumiu que os neutrinos não tinham massa, mas a sua capacidade de oscilarem entre três “sabores” ao deslocarem-se — oscilação de neutrinos — provou o contrário (uma descoberta que valeu o Prémio Nobel da Física em 2015).

“Estamos a tentar perceber porque estamos aqui”, afirmou John Wilkerson, físico da Universidade da Carolina do Norte e co-autor do estudo. “E os neutrinos podem desempenhar um papel fundamental nisso”, cita o The New York Times.

Os neutrinos são gerados em grande número durante reações nucleares, desde os núcleos das estrelas até à decomposição radioativa, mas são notoriamente difíceis de detetar.

Na experiência KATRIN, os cientistas acompanharam a decomposição do trítio, uma forma radioativa do hidrogénio. Ao desintegrar-se, o trítio emite um eletrão e um antineutrino. Medindo a energia de 36 milhões de eletrões ao longo de 259 dias, os investigadores inferiram a massa possível do antineutrino.

Alexey Lokhov, físico da equipa KATRIN, descreveu o resultado como “o melhor limite do mundo”, sublinhando o potencial destes dados para abrir um “portal” para nova física.

Há mais dados a caminho. A equipa KATRIN pretende afinar ainda mais as suas medições com uma campanha de recolha de dados de 1.000 dias, a concluir até ao final do ano.

ZAP //

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.