Marido, esposa, filhos, primos, cunhados. De resto, poucos aceitam dar a cara pelo Chega

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Manuel de Almeida / Lusa

Diogo Pacheco de Amorim, deputado do Chega, com cinco ligações familiares

Partido tem repetido que é contra a existência de membros da mesma família em cargos de poder. Mas tem casos opostos, internamente.

O Chega é oficialmente contra ligações familiares em cargos políticos e em altos cargos públicos em Portugal, mas o nepotismo abunda dentro do próprio partido liderado por André Ventura.

O jornal Observador sublinha que estes casos “espalham-se” pelo partido, em vários níveis e em vários locais do país, mas começam logo nos órgãos de topo do Chega.

Ricardo Regalla Dias, vogal na direcção e elemento próximo do líder André Ventura, é filho de Ana Dias Pinto, que integra o Conselho de Jurisdição – dois familiares directos nos órgãos nacionais do Chega.

Rita Matias foi eleita deputada nas eleições legislativas deste ano; o seu pai, Manuel Matias, integrou novamente o gabinete parlamentar e foi nomeado assessor político – mas já se demitiu precisamente por ser pai de Rita.

Continuando na família Matias, as eleições autárquicas no ano passado tinham Manuel Matias na lista de Almada, Rita Matias em Alcochete, o seu filho José Maria Matias na lista de Lisboa e o seu irmão Paulo Matias em Benfica.

O deputado Diogo Pacheco de Amorim apresentava cinco ligações familiares nas listas para as eleições legislativas em 2019: o irmão João Pacheco Amorim, o filho Lopo Durão Pacheco de Amorim, o sobrinho Lopo de Santiago Sottomayor Pacheco de Amorim, a sobrinha do irmão, Matilde Diogo da Silva Santiago Sottomayor e o seu outro irmão Francisco Velez Pacheco de Amorim.

Outro deputado, Pedro Pessanha, é cunhado de Nuno Pardal, assessor do Chega. E Pardal substituiu Pessanha Assembleia Municipal de Lisboa, quando o segundo passou para a Assembleia da República.

Vários pontos do país

Olhando para o mapa de Portugal, verifica-se que Braga é um distrito recheado de nepotismo no partido.

Jenny Santos, que foi candidata à Câmara Municipal de Braga, é mãe de Bárbara Lopes, deputada na Assembleia Municipal local, e esposa de José Osório, secretário da estrutura distrital.

Fernando Silva, que foi vereador na Câmara Municipal de Vila Verde, é marido de Maria Gabriela Cardenas, que está na distrital de Braga do Chega.

Cenário semelhante em Guimarães entre Nuno Pliteiro (ex-presidente da concelhia) e a sua esposa Manuela Ribeiro, adjunta na distrital de Braga. O suplente Carlos Pizarro é filho de Adão Pizarro, candidato à Câmara Municipal minhota.

Ainda a Norte, os candidatos nas autárquicas Maria Helena Gonçalves e José Maria Cardoso Fernandes são pais de Gisela Cardoso, vice-presidente da concelhia de Vila do Conde.

Marcus Santos, vice-presidente da concelhia da Maia, colocou nas listas do partido a sua esposa Sara Santos.

Descendo no mapa, em Leiria o candidato Luís Paulo Fernandes é pai de Luís Marques Fernandes, que esteve na lista de Pedrógão.

Eleito em Santarém, o deputado Pedro Santos Frazão é padrinho de um filho de Helena Lino, vereadora em Salvaterra de Magos. Manuela Estevão, líder da distrital, é mãe do delegado Miguel Coutinho e madrinha de Gonçalo Esteves, candidato municipal em Salvaterra de Magos. João Lynce, da Junta de Freguesia de Santarém, é marido da candidata municipal Estela Magalhães.

Perto de Santarém, em Tomar, a candidata municipal Vera Ribeiro tinha nas listas à Assembleia Municipal o seu companheiro Ruben Gonçalves, o seu pai Joaquim Ribeiro e a sua mãe Maria Fernanda Ribeiro.

No Alentejo, em Mourão, a candidata Fátima Marques Vidigal teve na sua lista a sua filha, dois irmãos, genro, duas cunhadas, primos e sobrinhos.

Justificação: ninguém quer entrar no partido

“Em 2019, quem é que queria entrar para as listas do Chega? Ninguém. Havia uma dificuldade gigantesca em encontrar interessados”, justifica Diogo Pacheco Amorim.

O partido repetiu esta ideia, explicando que há poucas pessoas que aceitam dar a cara pelo Chega.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

14 Comments

  1. Não sendo Chegano, estou à vontade para bitaitar:
    1 – O PCP é contra a propriedade privada. Alguns dos seus dirigentes do passado são dos maiores proprietários do país;

    2 – O BE é contra a especulação imobiliária. E no entanto elegeu um Robles…

    3 – Decerto que o PS será muito contra o nepotismo. E no entanto, no anterior Conselho de Ministros, contavam-se um pai e filha e marido e mulher. E que se saiba, o PS não sofre da mesma falta de quadros do Chega.

    4 – Os casos que se foram buscar, por exemplo de vários candidatos da mesma família a autarquias diferentes não serão, seguramente, mais graves do que o nepotismo dentro do Conselho de Ministros.

    Em suma: faz o que eu digo e não faças o que eu faço. Ou a história de como contradições há-as em todo o lado…

        • Esse não dá nem para acabar quanto mais para começar. Descobriste essa aldrabice onde? Olha que mentir é uma coisa muito feia.

          • Eu não costumo responder a ignorância mas desta vez vá lá.
            Eu sou primo desse cavalheiro (era) e tive várias prtopriedades de familia que tiveram que ser resolvidas em sede de partilhas, não imagino de onde possas conhecer a personagem citada mas não me parece que o conheças de algum lado portanto talvez seja melhor calares a boca e assim evitas fzer, ainda mais, papel de ignorante.

      • De todo meu caro! Simples coincidência!
        São bem conhecidas a cunha para a filha de um ministro, a vigarice na venda de uma sala de espectáculos e tantos outros casos idênticos.
        Foi mesmo coincidência, porque o fenómeno é transversal da esquerda à direita… Infelizmente!

      • Não inventei.
        1 – Secretário Geral do PCP (antecedeu o actual);
        2 – Membro destacado da FENPROF e do Comité Central (tinha até título nobiliárquico).
        Penso que chega. Até porque já alguém referiu outro caso que eu próprio desconhecia…

    • pode ter sido coincidência mas só verifiquei que enunciou Partidos de Esquerda, será que os de Direita são diferentes? Ah ah ah

  2. Os partidos podem ter familiares em altos cargos da Nação, mas os médias só se interessam pelo partido Chega. Engraçado!!!!!!!!!

    • E eles muito importados com isso. A classe política ainda não percebeu que quanto mais os ostraciza mais votos lhes dá. E quanto mais negociatas, mentiras, esquemas a classe política fizer, mais votos o Chega terá.

  3. O pior é que com este tipo de tretas o ‘chega’ acaba mais legitimado.
    Estes ataques inúteis só dão ao chega uma capa se camuflagem de normalidade

  4. Nepotismo no Chega, um partido cheio de contradições que só engana os pobres de espiríto,condição sine qua non para se ser do partido.

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