7-1: PS com mais votos em branco do que PSD, para eleger líder parlamentar

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António Pedro Santos / Lusa

Alexandra Leitão

Alexandra Leitão

Alexandra Leitão num lado, Hugo Soares no noutro. Não se sabe quem foram os sete deputados do PS que não votaram a favor de Alexandra Leitão.

A deputada socialista Alexandra Leitão foi eleita líder parlamentar do PS com 90% dos votos, tendo obtido 65 votos favoráveis e sete brancos.

Segundo informação adiantada à agência Lusa por fonte do PS, votaram 72 deputados – o grupo parlamentar tem 78 – numa lista única à direção.

Alexandra Leitão sucede no cargo a Eurico Brilhante Dias e será a segunda mulher a liderar a bancada socialista, depois de Ana Catarina Mendes (2019-2022).

A lista da direção do grupo parlamentar tem 12 vice-presidentes, entre os quais os quais quatro ex-governantes que deixaram recentemente o executivo de António Costa.

Entre estes está a ex-ministra da Presidência Mariana Vieira da Silva, o ex-secretário de Estado Adjunto do Primeiro-Ministro António Mendonça Mendes, a ex-ministra da Habitação Marina Gonçalves e a ex-secretária de Estado do Desenvolvimento Regional Isabel Ferreira.

Esta lista representa uma renovação em relação à direção de bancada de Eurico Brilhante Dias, transitando apenas Francisco César, João Torres e Pedro Delgado Alves.

Ana Paula Bernardo, João Paulo Rebelo, Luís Graça, Maria Begonha e Tiago Barbosa Ribeiro são as novidades desta lista que vai hoje a votação, à qual se somam depois as inerências: Elza Pais (presidente das Mulheres Socialistas), Miguel Costa Matos (secretário-geral do PS) e Paulo Cafôfo (presidente da PS-Madeira).

Alexandra Leitão é membro do Secretariado Nacional do PS e foi a coordenadora do programa eleitoral do partido nas últimas eleições legislativas.

Foi ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública de 2019 a 2022 e, entre 2015 e 2019, secretária de Estado Adjunta e da Educação. Na última legislatura, enquanto deputada, foi presidente da comissão parlamentar de Transparência e Estatuto dos Deputados.

Em 2022, o então líder do PS e primeiro-ministro, António Costa, já tinha proposto o cargo de líder parlamentar a Alexandra Leitão, que acabou por recusar.

Rumo confirmado

Depois da eleição, que decorreu ao fim da tarde desta quarta-feira, a nova líder parlamentar confirmou o rumo que Pedro Nuno Santos já tinha anunciado em relação às moções de rejeição.

Alexandra Leitão, anunciou que os socialistas vão abster-se nas votações das moções de rejeição do Programa de Governo apresentadas por PCP e BE.

“O PS, através do seu secretário-geral, já tinha dito que nesta primeira fase não iria bloquear o inicio de funções do Governo e portanto irá viabilizar o Programa do Governo, abstendo-se nas moções de rejeição”, declarou a deputada.

Só 1 em branco no PSD

No dia anterior, terça-feira, Hugo Soares foi eleito líder parlamentar da bancada do PSD.

O sucessor de Joaquim Miranda Sarmento – agora Ministro de Estado e das Finanças – foi eleito com 98,7% dos votos.

Na eleição, votaram 77 dos 78 deputados do PSD – faltou o parlamentar que substituirá José Cesário pelo círculo Fora da Europa – e registaram-se 76 votos a favor e apenas um branco.

Diálogo com todos

Hugo Soares, prometeu “diálogo com todas as forças partidárias” representadas na Assembleia da República, recusando que tal signifique um recuo na recusa de acordos com o Chega.

Questionado, por várias vezes, sobre o apelo a entendimentos deixado na véspera pelo ex-líder do PSD Pedro Passos Coelho – entendido como um pedido de aproximação entre PSD Chega – Hugo Soares insistiu que a sua bancada falará “com todos”.

“Segundo vi das declarações, o dr. Pedro Passos Coelho terá feito um apelo ao diálogo com todos os partidos, creio que falei português muito claro: a minha responsabilidade e da direção do grupo parlamentar é o diálogo humilde e construtivo com todas as bancadas parlamentares para resolver os problemas da vida das pessoas”, disse.

Questionado como fica a promessa de “não é não” ao Chega feita pelo líder do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, Hugo Soares considerou a questão “mais do que esclarecida”.

“Quando o candidato a primeiro-ministro disse que ‘não é não’ cumpriu: disse que não ia fazer uma coligação pré-eleitoral com o partido Chega nem um acordo de governação. Coisa diferente é o diálogo com todas as forças partidárias representadas no parlamento, é assim que será com o único objetivo que importa ao grupo parlamentar do PSD: resolver a vida das pessoas”, enfatizou.

Para Hugo Soares, “os portugueses lá fora não querem saber se a redução dos impostos é aprovada com a abstenção do PS, do Chega, do Livre ou do PCP, querem é baixar os impostos”.

Sobre o debate do programa do Governo, que foi entregue na quarta-feira no parlamento e que será debatido quinta e sexta-feira, Hugo Soares assegurou que haverá uma defesa do documento por parte da bancada social-democrata, mas sobretudo, “uma defesa acérrima de soluções concretas para vida das pessoas”.

“O resultado do dia 10 de março não aconteceu por acaso, aconteceu porque o país tem muitos problemas (…) o PSD e a AD ganharam as eleições, têm a responsabilidade de governar, mas o resultado disse também que temos de ter a capacidade de dialogar com todas as forças partidárias”, afirmou.

Questionado sobre os pedidos de prudência e alertas deixados pelo Conselho das Finanças Públicas (CFP) de que as medidas de recuperação do tempo congelado das carreiras especiais e novos subsídios precisam de ser quantificadas, o líder parlamentar do PSD remeteu essa resposta para o Governo, mas deixou um compromisso.

Nunca levámos lições de ninguém em matéria de ter contas certas no país, pelo contrário, fomos sempre chamados em períodos de emergência financeira para resolver problemas sérios. Tenho a certeza que o grau de responsabilidade que o Governo terá será máxima”, afirmou.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Isso, snr. preocupado com o que se chama a democracia a funcionar, quer dizer que o PSD, por falta de alternativas, escolheu o mal menor, enquanto que Alexandra Leitão é UM BEM MAIOR, no PS (com vastas ealternativas de igual qualidade), no parlamento e na defesa do futuro do país. pela via democrática, sensata e coerente. A sua competência situa-se muitos fusos acima da do senhor do (1) voto branco.
    Dúvidas? Basta comparar. O algodão não engana.

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