Cientistas conseguiram ler uma carta dobrada com 300 anos – sem sequer a abrir

(dr) Unlocking History Research Group archive

Letterpacket DB-1627, escrito há 300 anos

Uma equipa de cientistas conseguiu ler uma carta secreta do século XVII sem sequer a abrir, graças a um algoritmo de nivelamento computacional automatizado.

Um scanner de raios-X, usado normalmente em pesquisas odontológicas, permitiu a uma equipa de cientistas ler o conteúdo de uma carta dobrada que permaneceu fechada durante 300 anos.

De acordo com o EurekAlert, foi usado um scanner de microtomografia de raios-X de alta sensibilidade, desenvolvido no Queen Mary University Dental Research Laboratories, em Londres, para digitalizar um conjunto de cartas de um baú do século XVII, que continha correspondência que não chegou a ser entregue aos destinatários.

Segundo os cientistas, os remetentes usaram o letterlocking para fechar as cartas, uma técnica que se baseia em dobrar e prender a folha de papel para criar o seu próprio envelope, muito comum antes de os envelopes modernos terem sido inventados.

Em vez de cortar as cartas, correndo o risco de as danificar, os investigadores conseguiram ler o conteúdo das mesmas sem serem demasiado “invasivos”.

Graham Davis, investigador da Queen Mary University of London, explicou que o scanner tem uma “sensibilidade sem precedentes para mapear o conteúdo mineral dos dentes”, mas a característica “também tornou possível decifrar certos tipos de tinta em papel e pergaminho”.

O processo acabou por revelar o conteúdo de uma carta, datada de 31 de julho de 1697, na qual se lê um pedido de Jacques Sennacques ao primo Pierre Le Pers, comerciante francês residente em Haia, para obter uma cópia autenticada de um aviso de óbito de Daniel Le Pers.

Depois da microtomografia de raios-X, a equipa aplicou algoritmos computacionais às imagens digitalizadas para identificar e separar as diferentes camadas da carta dobrada e “desdobrá-la virtualmente“.

Este método de “desdobramento virtual” e a categorização das técnicas de dobragem podem ajudar os cientistas a entender a versão histórica da criptografia física, ao mesmo tempo que se preserva a sua herança cultural. O artigo científico foi publicado no dia 2 de março na Nature Communications.

Liliana Malainho, ZAP //

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