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Leite bombeado dá aos bebés bactérias diferentes das da amamentação

Um estudo recente concluiu que o aleitamento materno indireto através de leite bombeado está associado ao esgotamento de bactérias orais e a uma maior abundância de potenciais patógenos em comparação com a amamentação direta no seio.

As descobertas, publicadas recentemente na Cell Host & Microbe, sugerem que a microbiota do leite é afetada por bactérias – oriundas da boca do bebé ou de fontes ambientais, como bombas mamárias. Ainda assim, são necessárias pesquisas futuras para avaliar os efeitos que essas mudanças podem ter no microbioma intestinal e na saúde da criança.

“Este é um dos maiores estudos sobre microbiota de leite humano realizados até á data”, afirmou a autora do estudo Meghan Azad, do Instituto de Pesquisa do Hospital Infantil de Manitoba, no Canadá. “Este estudo expande consideravelmente a nossa compreensão da microbiota do leite humano e os fatores que podem influenciá-lo. Os resultados vão inspirar novas pesquisas sobre a amamentação e sobre o leite humano, especialmente relacionadas ao bombeamento.”

Anteriormente considerado estéril, o leite materno é agora conhecido por conter uma baixa abundância de bactérias. Ainda é desconhecida a forma como a microbiota materna influencia a microbiota infantil. Ainda assim, essa comunidade complexa de bactérias no leite materno pode ajudar a estabelecer a microbiota intestinal do bebé.

Desta forma, interrupções neste processo podem alterar a microbiota infantil, causando predisposição a doenças crónicas, como alergias, asma e obesidade, avança o ScienceDaily.

A equipa de Azad procedeu ao sequenciamento de genes bacterianos em amostras de leite de 393 mães saudáveis, três meses após o parto. Os cientistas analisaram a composição da microbiota do leite e de que forma ela é afetada por fatores maternos, eventos inicias da vida, práticas de amamentação e outros componentes do leite.

Entre os diversos fatores analisados, os investigadores descobriram que o modo de amamentar foi o único fator consistente diretamente associado à composição da microbiota do leite.

A amamentação indireta foi associada a uma maior abundância de possíveis “patógenos oportunistas”, como Stenotrophomonas e Pseudomonadaceae. “O aumento da exposição a potenciais patógenos no leite materno pode representar um risco de infeção respiratória na criança, explicando o motivo pelo qual as crianças alimentadas com leite bombeado sofrem um maior risco de asma”, afirmou o primeiro autor Shirin Moossavi, da Universidade de Manitoba.

Para determinar se este cenário está, de facto, correto, serão necessárias pesquisas adicionais sobre de que forma as mudanças na microbiota do leite afetam a colonização do microbioma intestinal do bebé, algo que influencia a saúde da criança.

Por outro lado, a pesquisa demonstrou que a amamentação direta, sem recurso a uma bomba, foi associado a micróbios comummente encontrados na boca, assim como a uma maior riqueza e diversidade bacteriana.

No fundo, os resultados sugerem que a amamentação direta facilita a aquisição de microbiota bucal, enquanto que a amamentação materna indireta leva ao enriquecimento com bactérias ambientais (associadas à bomba).

“Contrariamente ou em adição à hipótese de que as bactérias lácteas provêm do intestino materno, estes resultados sugerem que as bactérias orais do bebé são importantes na formação da microbiota do leite. Estudos mecanísticos serão necessários para confirmar esta hipótese, mas, caso se comprove, poderiam fornecer novas e excitantes oportunidades para entender e modificar a microbiota do leite”, afirma o cientista.

Curiosamente, os investigadores também observaram diferenças na microbiota do leite dependendo do sexo do bebé. Estas descobertas apoiam a tese de que a microbiota do leite é parcialmente derivada da cavidade oral do bebé, que pode diferir em bebés de sexos distintos.

ZAP //

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