Líder Sporting mais isolado na liderança. O deslize dos dragões e o regresso às vitórias do Benfica. As frases e os números da semana. Ainda Zlatan e Pelé, visto da Linha de Fundo.
Auto da Barca do Capitão
- Gil Vicente (Kanya Fujimoto 36′) 1 – 2 Sporting CP (Sebastián Coates 83′ e 90+1)
Notável a capacidade de reação leonina. A perder ao intervalo, Rúben Amorim aproveitou o intervalo para acordar a equipa. Leões bloqueados na primeira parte, perante um Gil Vicente a conseguir anular as intenções do adversário e a chegar à vantagem. Os galos, sempre mais agressivos e constantes, conseguiram deixar o líder em apuros. Depois do descanso tudo foi diferente.
O Sporting regressou do balneário determinado. Mostrou raça, atitude, acreditou sempre. Rúben Amorim fez cinco substituições. A equipa cresceu e asfixiou o Gil Vicente, conseguindo uma reviravolta no marcador, num dos jogos mais difíceis da temporada para o líder, muito por causa da boa organização gilista.
Mas um bis do capitão Coates acabou por dar mais um triunfo aos leões. Primeiro com um remate à entrada da área, depois, após um livre marcado do lado esquerdo do ataque por Pedro Porro, Coates a saltar e a cabecear para golo, num lance em que o guarda-redes Denis foi muito mal batido.
Em Barcelos, assistiu-se a uma segunda parte de luxo do Sporting. O Gil Vicente deixou de ter bola, os leões exerceram forte pressão, apresentando um futebol vistoso. Depois de uma primeira parte mal conseguida, contraste absoluto na segunda metade, com a equipa a mostrar coragem, determinação e atitude de… campeão.
Já não se pode apenas falar de estrelinha. Depois de um grande susto, festejos efusivos dos leões, que atestam bem da importância deste triunfo. O líder levou um aviso, mas deixou igualmente um recado bem vincado aos rivais diretos na luta pelo título. E vão seis triunfos consecutivos para o Sporting.
Foi o 5.º golo do Sporting nos descontos neste campeonato, o 3.º que vale a vitória. O Sporting mantém-se invicto e reforça a liderança: tem, agora, 8 pontos de vantagem para o FC Porto, que é o segundo classificado.
Jesus acalma a tempestade
- SL Benfica (Darwin Núñez 3′, Nicolás Otamendi 7′) 2 – 0 FC Famalicão
Para grandes males, grandes remédios. De acordo com a sabedoria popular, para vencer desafios e adversidades, é crucial o empenho para resolver uma situação adversa, mesmo que isso acarrete grandes sacrifícios da nossa parte. Encaixa na perfeição no jogo que marcou o regresso de Jorge Jesus ao banco de suplentes e que abriu a segunda volta do campeonato para os encanados.
A situação classificativa obrigava a uma resposta de uma equipa arrasada e que prometeu fazer o mesmo aos adversários. Tem faltado chama, bons jogos, um futebol vistoso e convincente. Frente ao um frágil Famalicão, os encarnados chegaram cedo à vantagem, dominaram por completo, tiveram o dobro da posse de bola e muitas oportunidades de ampliar o resultado.
Sem qualquer jogador português no 11 inicial, o que não acontecia há seis anos, Jorge Jesus deixou Pizzi no banco e apostou num clássico 4x4x2. Já Silas – segundo jogo, segunda derrota – apresentou uma defesa a 5 cinco com três centrais e dois laterais mais subidos. Não correu nada bem.
Ao terceiro minuto, Taarabt entendeu-se com Everton que driblou três adversários e cruzou para Darwin fazer o 1-0. O segundo golo, nasce de um remate forte de Taarabt que Luiz Júnior defendeu para onde estava Otamendi que aproveitou para fazer o 2-0, dentro da área. Foi o primeiro golo de Otamendi pelo Benfica. E só tinham passado sete minutos. Situação controlada para o Benfica, apesar menos domínio.
As águias voltaram a um registo mais pachorrento, instalando-se alguma ansiedade. Um inconformado Famalicão foi conseguindo deixar o Benfica intranquilo, faltando mais intensidade e concentração. Mas nem Fama, nem proveito. Os encarnados voltaram a mostrar duas faces. Valeu uma boa primeira parte e uma vitória que traz o sossego desejado.
O Benfica regressa aos triunfos após quatro jogos sem vencer na Liga. O Famalicão soma quatro derrotas consecutivas, a pior série da equipa desde o regresso à Liga (2019/20).
Montanha russa
- SC Braga (Fransérgio 87′, Nico Gaitán 90+4′) 2 – 2 FC Porto (Sérgio Oliveira 36′, Medhi Taremi 54′)
AC/DC. A sigla nada tem a ver com a lendária banda australiana de rock, apesar de um final de jogo de alta voltagem. A designação prende-se com uma partida de futebol antes de Corona estar em campo e fora dele. Com o mexicano em ação, – expulso aos 60 minutos – e a merecer o maior destaque individual até à altura, o FC Porto mostrou irreverência e classe.
Por acumulação de amarelos, Corona foi sancionado com o cartão vermelho. O primeiro é um absurdo, quanto ao segundo cartão nada a dizer. Passou muito pela falta de Corona o desequilíbrio portista, acrescido de alterações promovidas por Sérgio Conceição que encolheram a equipa e a deixaram à mercê da avalanche minhota na parte final do jogo.
Como é habitual, os dragões entraram a mandar, foram superiores. O campeão mostrou organização, dinâmica e atitude. O SC Braga teve dificuldade em ter bola, não conseguia ligar jogo, nem causar perigo.
De forma justa a equipa azul e branca chegava ao intervalo em vantagem, conseguindo ampliar o resultado no início da segunda parte. Um golo fabricado pela magia de Corona, fintou tudo e todos dentro da área e assistiu Taremi para o segundo portista. Logo a seguir Corona seria expulso. Com menos um jogador, aconteceu o natural recuo portista.
Carlos Carvalhal respondeu de forma agressiva nas substituições. Os dragões entraram em modo de contenção. Foi crescendo o SC Braga, obrigando o FC Porto a passar por maiores dificuldades e a revelar intranquilidade. A três minutos dos 90, Lucas Piazón apareceu com liberdade para cruzar para a área, onde surgiu Fransérgio – o melhor em campo – a conseguir reduzir.
Já nos descontos (90+4′) Nico Gaitán fez o golo que valeu o empate. Um final emocionante, ainda com o FC Porto a tentar por Marega voltar à vantagem. Valeu uma grande defesa de Matheus Magalhães.
Enorme crença dos guerreiros, aproveitando a superioridade numérica, reentrando na discussão do jogo, olhos nos olhos frente ao campeão. Esta quarta-feira há mais, no mesmo palco, agora a contar para a 1.ª mão da meia-final da Taça de Portugal.
Frases da Semana
“Não nos vergam. Ninguém verga as nossas equipas, os nossos treinadores e os nossos adeptos. Nunca desistiremos de lutar com todas as nossas forças por aquilo que tanto ambicionamos e tanto merecemos.“As últimas semanas não têm sido positivas para o futebol português. Nos jogos do FC Porto, uma série de decisões disciplinares difíceis de compreender tem tido duas consequências graves: por um lado, os nossos jogadores são constantemente penalizados por faltas duras, muitas vezes colocando em causa a sua integridade física, que não são devidamente sancionadas com cartões amarelos e vermelhos (às vezes, nem falta é assinalada!); por outro, aos nossos atletas é aplicado um critério muito mais apertado, que já nos tem deixado a jogar com dez durante bastante tempo em jogos importantes.” Pinto da Costa, presidente do FC Porto, editorial revista Dragões.
“Enquanto a permissividade continuar, enquanto continuarem a fazer do Corona um saco de batatas, desculpem a expressão, corremos o risco de não valorizar o espetáculo que promovemos. É criminoso o que fazem ao Corona semanalmente, de três em três dias. Todos os intérpretes têm de meter a mão na consciência, temos de ter cuidado na forma como abordamos os lances, sob pena de ver os craques fugirem para outros campeonatos. Às vezes, é como meter a bola num cofre. Depois, os cofres são assaltados, ou arrombados. Ele está no balneário a chorar de dor por aquilo que sofre em campo. E a proteção que tem é esta.” Vítor Bruno, treinador-adjunto do FC Porto.
“Há um aborrecimento generalizado. Batem nele de todos os lados sem que, muitas vezes, o adversário seja punido. Como disseram, e bem, parece um saco de batatas. É preciso maior proteção para quem dá o espetáculo e o Tecatico tenta dá-lo sempre.” Matías Bunge, empresário de Jesús Corona.
“O Covid-19 arrasou o Benfica! Quando cheguei disse que o Benfica seria uma equipa para arrasar, começámos bem a época mas ninguém no mundo previa e sabia disto. Foi o Covid que nos arrasou . Não tem sido fácil. Estive 15 dias sem ver os meus jogadores, sem poder treinar. E isto, o que eu passei, não é uma constipação. Se tivesse de jogar hoje, não jogava. Tive um Covid agressivo. O Benfica perdeu a identidade e a confiança. Felizmente, acreditando na ciência, já não vamos ter mais problemas durante três meses.” Jorge Jesus, treinador do SL Benfica.
“Fiz 200, 300 testes… Nunca dei positivo. Fizeram-me uma TAC e descobriram. É um caso raro! Aliás, eu sou raro em tudo.” Jorge Jesus, treinador do SL Benfica.
“Não imagino festa nenhuma de campeão com os adeptos. Imagino, sim, ganhar ao Paços de Ferreira e pensar em como vamos trabalhar e melhorar para esse jogo. Isso é o nosso foco, há muito para melhorar. Estamos longe de qualquer festa, a festa aconteceu no final da Taça da Liga, competição que ganhámos e, por isso, fizemos a festa. Até voltar alguma coisa não se pensa em festas.” Rúben Amorim, treinador do Sporting CP.
“Se a força é uma qualidade importantíssima para alcançar à vitória, a inteligência ainda é mais, por isso queria fazer um apelo a todos os adeptos: o Sporting tem de respeitar sempre os seus dois rivais. Têm muita força dentro e fora do campo. É um erro histórico não o fazer. A arrogância, a bazófia, é meio caminho para a derrota e uma vitamina extra para os nossos rivais.” Frederico Varandas, presidente do Sporting CP.
“Sei que vou ser castigado, mas chegou a altura de pôr o dedo na ferida. É uma vergonha o que aconteceu no Bessa. O Gil Vicente não tem culpa, mas está aos olhos de todos que o segundo golo do Gil Vicente é claramente precedido de falta. O VAR viu isso. Chamou o árbitro, que decidiu fazer ouvidos moucos e olhos de cego. O que fez foi roubar o Boavista. O Boavista foi roubado e foi maltratado.” Vítor Murta, presidente do Boavista.
“Não somos meninos de creche. As pessoas têm de pôr a mão na consciência! Sentimo-nos extremamente prejudicados e não vamos continuar a aceitar que nos tratem assim, vamos lutar até às últimas consequências para mostrarmos a nossa indignação para algo que nos parece de todo anómalo, pois ao longo de um campeonato há erros a favor e contra todas as equipas mas, no nosso caso, as intervenções do VAR traduzem-se em 99 ou 100 por cento do casos em prejuízo, com relevante impacto nos resultados e no lugar que ocupamos na classificação”. João Rodrigues, presidente do Farense SAD.
“Jogar neste terreno, nestas condições, é para louvar a paciência da Belenenses SAD fazer aqui 17 jogos. Felizmente só vimos cá fazer um. Felizmente por um lado, mas infelizmente para o futebol. Descaracteriza completamente a nossa identidade. Nunca se devia fazer jogos neste relvado, nestas condições. Disse anteriormente: estamos a vender um produto que tem de ter qualidade. Todos os jogadores dentro de campo ganharam todos, porque ninguém se lesionou. Foi espetacular nesse sentido, agora o futebol ficou a perder.” João Henriques, treinador do Vitória SC.
“Tinha ofertas do Benfica e do Sporting, mas escolhi o FC Porto porque é uma equipa muito forte e mais famosa do que o Benfica no Irão. A maioria dos fãs com quem falei dizia para vir para o FC Porto e a minha preferência também era essa. Quando acabou a última época e fui um dos melhores marcadores, pensei que se pudesse vir para o FC Porto poderia exibir-me ainda melhor do que no Rio Ave, porque teria mais oportunidades. É a equipa campeã, joga na Liga dos Campeões, ganha troféus. Era o meu sonho.” Mehdi Taremi, jogador do FC Porto, entrevista Revista Dragões.
“É por isso que é o melhor do mundo, um jogador como ele faz a diferença.” Paulo Fonseca, treinador da Roma, sobre Cristiano Ronaldo.
“Bruno Fernandes, senhoras e senhores. Que alegria vê-lo jogar. Apenas pergunto: quantos golos marcaria Robin van Persie com ele no meio-campo?” Robie van Persie, ex-jogador do Manchester United (2012-2015).
“Para mim, são maus campeões. Esta temporada andaram para trás. O Liverpool é um clube grande, e se é um clube grande tem de saber lidar com as quedas. É desculpa atrás de desculpa e continua. Lidem com a situação. São o Liverpool e, se continuam a comportar-se assim, vão passar mais 30 anos até ganharem outro título.” Roy Keane, antigo capitão do Manchester United.
“Quando quis inteirar-me sobre o estado do Ocampos, o treinador do Sevilha culpou-me pelo sucedido. Foi uma falta de respeito enorme. Li nos lábios dele algo muito grave e ele culpou-me. Expulsaram-me por culpa do treinador adversário. Sinto que fui maltratado e que fui expulso injustamente. O treinador do Sevilha deve comportar-se melhor.” José Bordalás, treinador do Getafe. Bordalás e Lopetegui foram expulsos durante o Sevilha-Getafe. O ex-treinador do FC Porto reconheceu que deveria ter-se comportado melhor
“Destruíram-me a perna.” Ocampos, avançado do Sevilha.
Números da Semana
- 8 –Na história da Liga portuguesa, nunca um líder com tamanha vantagem pontual na segunda volta do campeonato a desperdiçou e perdeu o campeonato. Na entrada para a segunda volta do campeonato, com a vitória em Barcelos, o Sporting tem 8 pontos de avanço para o FC Porto.
- 14 – Em 18 jogos, o FC Porto já perdeu 14 pontos na Liga , tantos quantos perdeu em todo o campeonato na 1.ª época de Sergio Conceição no clube (2017/18).
- 6 – Seis anos depois, o Benfica voltou a entrar com 11 estrangeiros no onze. Jorge Jesus é o único treinador dos encarnados que fez alinhar 11 estrangeiros num onze do Benfica, o primeiro da história foi em Paços de Ferreira na época 2010/11.
- 1 – O SC Braga empatou pela primeira vez no campeonato (2/2 com o FC Porto).
- 4 – O FC Famalicão soma quatro derrotas consecutivas, a pior série da equipa desde o regresso à Liga (2019/20).
- 25 – Melhor pontuação do CD Santa Clara à 18.ª jornada da Liga: 25 pontos.
- 17 – É o pior registo do Marítimo na prova desde que a vitória vale 3 pontos: 17 pontos à 18.ª jornada da Liga. 5 vitórias, 2 empates e 11 derrotas, constituem o pior da equipa desde 1989/90.
- 100 – João Amaral completou 100 jogos na Liga portuguesa. 66 jogos pelo Vitória FC e 34 pelo Paços de Ferreira.
- 1 – A Académica de Coimbra é líder da II Liga. É a 1.ª vez que a equipa de Coimbra lidera de forma isolada a prova desde que desceu, em 2015/16.
- 20 – A Juventus está pela 20.ª vez na final da Taça. A equipa de Cristiano Ronaldo já venceu a prova por 13 vezes.
- 501 – Zlatan Ibrahimovic bisou e ultrapassou os 500 golos por clubes. Malmo: 18 golos, Ajax: 48 golos, Juventus: 26 golos, Inter: 66 golos, Barcelona: 22 golos, PSG: 156 golos, Manchester United: 29 golos, LA Galaxy: 53 golos e Milan: 83 golos. Totaliza 501 golos.
- 208 – Harry Kane igualou Bobby Smith como 2.º melhor marcador do Tottenham: 266 golos – Greaves, 208 golos – Bobby Smith e Harry Kane.
Momento da Semana: Golo 500 com ajuda lusa
Zlatan Ibrahimovic superou os 500 golos na carreira em clubes. Registo alcançado após a goelada do Milan ao Cretone (4-0), na qual bisou. No primeiro golo foi assistido por Rafael Leão, chegando ao meio milhar de golos. O avançado sueco de 39 anos fez o seu 15.º golo em 17 jogos na edição deste ano no campeonato italiano.
Começou a marcar em 1999. São 22 anos a marcar golos, tendo já conquistado 31 troféus, 3 competições internacionais e 28 nacionais, para além de 15 prémios individuais.
O avançado começou a carreira no Malmö, na Suécia, e desde aí já passou por Ajax, Juventus, Inter Milão, Barcelona, AC Milan, PSG, Manchester United, LA Galaxy e agora Milan. Foi campeão holandês por duas vezes, campeão italiano em quatro ocasiões, quatro vezes campeão francês e ainda campeão espanhol numa temporada. Nunca venceu a Liga dos Campeões mas é o único jogador a ter disputado jogos da Champions ao serviço de sete clubes diferentes.
Um vídeo partilhado nas redes sociais, em que aparece a dançar, serviu para assinalar ter quebrado a barreira dos 500 golos. Bem ao estilo de Zlatan.
Sugestão da Semana: Rei na Netflix
“Não é que o Pelé faça a diferença. O Pelé foi a diferença.”
Pelé, o novo documentário da Netflix, apresenta a vida do jogador de futebol Edson Arantes do Nascimento, mais conhecido como Pelé. O documentário abrange o período extraordinário em que Pelé, o único jogador a vencer três Copas do Mundo, passou de astro do futebol em 1958 a herói nacional em 1970, uma época radical e turbulenta no Brasil.
O filme retrata a jornada incrível de Pelé para se tornar o ‘Rei do Futebol’ e liderar a seleção nacional até a vitória histórica na Copa do Mundo de 1970. Com acesso sem precedentes a entrevistas com Pelé, o filme mostra o astro refletindo sobre sua carreira impressionante.
O documentário ainda inclui imagens de arquivo e entrevistas raras de ex-companheiros de equipe como Zagallo, Amarildo e Jairzinho, além de depoimentos de familiares, jornalistas, artistas e outras personalidades que testemunharam a era de ouro do futebol brasileiro.
Estreia mundial na Netflix no dia 23 de fevereiro, agendem.