THOMAS SAMSON ; POOL/EPA

Marine Le Pen antes da entrevista no canal de televisão TF1, no dia em que foi condenada a 4 anos de prisão.
Família política ficou toda do lado da francesa, condenada a 4 anos de prisão e impedida de se candidatar às eleições presidenciais de 2027, mas André Ventura fugiu à regra.
Condenada a 4 anos de prisão — dois deles a serem cumpridos com pulseira eletrónica — a líder da extrema-direita francesa Marine le Pen declarou-se no mesmo dia vítima de uma sentença “política” que visa impedir “a favorita para as eleições presidenciais de poder candidatar-se” em 2027.
Impedida de se candidatar a cargos públicos com efeito imediato, durante 5 anos, Le Pen garantiu que vai “apresentar um recurso que permita que se apresente como candidata”.
“Estou inocente (…), considero que este processo movido contra nós por adversários políticos se baseia em argumentos que não são válidos. Trata-se de um desacordo administrativo com o Parlamento Europeu. Não há enriquecimento pessoal, não há corrupção, não há nada disso”, disse Le Pen ao canal TF1 ontem à noite: “não me vou deixar eliminar facilmente”, garantiu, e não irá “de forma alguma” abandonar a política.
“Há milhões de franceses que acreditam em mim, milhões de franceses que confiam em mim (…), há 30 anos que luto contra a injustiça e vou continuar a fazê-lo e vou fazê-lo até ao fim”, afirmou.
“Todos” com Le Pen… menos Ventura
Esta segunda-feira, muito rapidamente os líderes nacionalistas e de extrema-direita começaram a revoltar-se com as conclusões do Tribunal Penal de Paris e a “assustar” o Conselho Superior da Magistratura (CSM) francês, que ficou “preocupado com as reações virulentas” à condenação.
Entre Donald Trump, Elon Musk, Jair Bolsonaro ou Viktor Orbán, quem se destacou foi o líder da extrema-direita portuguesa, André Ventura, por estranhamente fugir à regra da sua unida família política e sair… contra a amiga Le Pen.
“Se temos um dirigente, ou uma dirigente, ou um político, ou uma política, ou um ex-primeiro-ministro, ou um primeiro-ministro suspeito de enriquecer no exercício das funções que tem, suspeito de desviar dinheiro, então não se pode recandidatar, seja em Portugal, em França, em Itália, na Alemanha”, disse, comparando a ex-líder do União Nacional a Luís Montenegro: “não é pior” o caso de Le Pen do que o caso do primeiro-ministro português (…) a justiça francesa já o teria algemado e levado para uma prisão em Paris”, disse.
Já o resto dos líderes mais à direita (e ex-líderes, funcionários especiais do governo e o Kremlin) apoiaram fortemente Marine Le Pen.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, comparou aos seus processos judiciais — foi considerado culpado por pagamentos ilegais a uma ex-atriz pornográfica, e investigado em vários casos — à condenação de Marine Le Pen.
“Parece o nosso país, parece-se muito com o nosso país”, disse Donald Trump à imprensa na Casa Branca na segunda-feira.
Antes das declarações de Trump, o Departamento de Estado considerou “particularmente preocupante” a “exclusão de candidatos do processo político”, reagindo à sentença de Le Pen.
O seu braço direito e multimilionário Elon Musk responsabilizou esta segunda-feira a “esquerda radical” pelos “abusos do sistema judicial”.
“Quando a esquerda radical não consegue vencer através do voto democrático, abusa do sistema judicial para prender os seus opositores. Este é o seu modus operandi em todo o mundo”, escreveu Elon Musk na sua rede social X. Noutra mensagem, considerou: “Isto vai fazer ricochete, como aconteceu com os ataques judiciais ao Presidente Trump”.
Em França, o líder do RN, Jordan Bardella, visto como o “plano B” caso a candidatura de Le Pen não se venha a concretizar, considerou o veredicto “um escândalo democrático”, enquanto o político de extrema-direita francês Eric Zemmour, antigo candidato presidencial, escreveu na rede social X que “não cabe aos juízes decidirem em quem o povo deve votar”.
O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán,foi dos primeiros a escrever “Je suis Marine” (“Eu sou Marine”) no X como forma de apoio à condenada.
Je suis Marine! @MLP_officiel
— Orbán Viktor (@PM_ViktorOrban) March 31, 2025
O líder da Liga italiana, Matteo Salvini, e o líder do partido espanhol Vox, Santiago Abascal, também se posicionaram no apoio a Le Pen. Nos Países Baixos, o líder do partido de extrema-direita, Geert Wilders, considerou a decisão “incrivelmente dura”.
O Kremlin também criticou a decisão. O porta-voz do regime russo, Dimitri Peskov, disse que este desfecho no tribunal é uma clara “violação das normas democráticas”.
O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro condenou o que chamou de perseguição à líder histórica da extrema-direita.
“Espero e torço para que a senhora Le Pen vença essa perseguição e possa disputar as próximas eleições presidenciais” em 2027, escreveu Bolsonaro, na segunda-feira, na rede social X. “O povo é quem deve decidir quem será o próximo Presidente da França em 2027”, acrescentou o político de extrema-direita, também condenado à inelegibilidade política no Brasil.
ZAP // Lusa
Pelo menos o André é consistente…. Os outros são uns vira casacas quando lhes convém.
Então não é… Eu diria mais… Consistente e solidário!
Os outros mantêm-se ao lado da amiga, mas são vira-casacas. O aventureiro dá logo de frosques. É cá de uma consistência que até faz cócegas 🙂
O Ventura é o mais populista deles todos, até aos que o levaram ao colo ele vira casaca.