Lavar a maçã não é suficiente para remover todos os pesticidas

É necessário repensar novos métodos de higienização. Um método analítico sensível revela que a remoção de pesticidas agrícolas de alimentos como as maçãs pode exigir mais do que uma simples lavagem. Para já, o ideal é descascá-la, diz o novo estudo.

Lavar uma maçã não é suficiente para remover todos os pesticidas utilizados no cultivo e “presos” na casca. O ideal é descascá-la, segundo um estudo conduzido por investigadores da Universidade Wuyi, na China, e publicado na revista Nano Letters a 7 de agosto.

“O risco de ingestão de pesticidas presentes nas frutas não pode ser evitado apenas com a lavagem”, concluíram os autores do estudo, Dongdong Ye, Ke Zheng, Shaobo Han. “Só descascando a fruta se consegue eliminar os pesticidas”.

Sabendo que apenas lavar não é suficiente, é necessário pensar em novas estratégias de limpeza. Ainda não se sabem, no entanto, os efeitos dessas pequenas doses de pesticidas que permanecem na casca para o organismo humano — este aspeto não foi investigado durante a pesquisa.

Nível de pesticidas nas frutas

A descoberta sobre a permanência de pesticidas nas maçãs surge com a validação de uma nova ferramenta de análise de baixos níveis de químicos, demonstrada no estudo. Trata-se do método analítico conhecido como Espectroscopia Raman amplificada por superfície (SERS).

Através do SERS, os investigadores utilizam nanopartículas metálicas para amplificar os sinais criados por moléculas quando estas são expostas a um feixe de laser Raman.

Em seguida, os padrões criados pela luz servem como assinaturas moleculares e podem ser usados para identificar pequenas quantidades de compostos específicos, como a presença de pesticidas em maçãs. No entanto, quando a casca é removida, o nível de contaminação diminui.

Além dos testes com a fruta altamente popular, foram realizadas experiências com pepinos, pimentos, camarões e arroz, durante o processo de validação da técnica de análise.

“Os resultados do estudo sugerem que a lavagem por si só pode ser insuficiente para evitar a ingestão de pesticidas e que é necessário descascar a fruta  para remover a potencial contaminação da pele e da polpa exterior”, dizem os autores do estudo, em comunicado publicado no site da American Chemical Society.

Como os pesticidas são usados para garantir a produção de vegetais e frutas em larga escala — eliminar esses produtos químicos de todas as plantações é inviável nos dias de hoje —, é necessário repensar tanto novos métodos de higienização (como algo feito antes da fruta chegar ao consumidor) como produtos menos nocivos para a saúde humana.

ZAP // CanalTech

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