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Especialista considera possível “largar as máscaras” antes de julho. Há 85 concelhos com zero casos de covid-19

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Jaime Reina / EPA

A maior parte dos concelhos em Portugal encontra-se abaixo do limiar de risco e 85 contam mesmo zero casos. Para o virologista Pedro Simas, é possível que as máscaras deixem de ser utilizadas ainda antes do mês de julho.

Em Portugal, a maioria dos municípios está a avançar no plano de desconfinamento e, embora alguns ainda fiquem em fases anteriores e 12 estejam em risco, 85 têm uma incidência nula e contam zero casos.

Isto significa que mais de um quarto dos 308 concelhos de Portugal têm zero casos de covid-19 por 100 mil habitantes, nos últimos 14 dias. A informação consta no boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral de Saúde na sexta-feira passada.

Os municípios que têm uma incidência abaixo de 20 casos por 100 mil habitantes, por seu lado, são no total 152 – ou seja, correspondem a quase metade dos concelhos nacionais.

Em contraste, existe apenas um concelho no nível mais elevado (acima de 480 casos), que é Arganil.

A incidência situa-se agora nos 50,3 casos de infeção por SARS-CoV-2 por 100 mil habitantes, enquanto o índice de transmissibilidade, ou seja, o número de pessoas que um infetado contagia, em média, é de 0,95, escreve o jornal Eco.

Os 85 concelhos com uma incidência zero da covid-19 são: Alcoutim, Alfândega, Alter do Chão, Alvito, Ansião, Armamar, Arraiolos, Arronches, Avis, Barrancos, Bombarral, Borba, Boticas, Calheta (Açores), Calheta (Madeira), Castelo de Vide, Castro Marim, Castro Verde, Celorico da Beira, Constância, Corvo, Crato, Cuba, Estremoz, Figueira de Castelo Rodrigo, Figueiró dos Vinhos, Fronteira, Fundão, Gavião, Góis, Horta, Lajes do Pico, Mação, Madalena, Manteigas, Marvão, Mêda, Mértola, Miranda do Douro, Monchique, Monforte, Montemor-o-Novo, Mora, Mourão, Murtosa, Nisa, Oleiros, Oliveira de Frades, Ourique, Penalva do Castelo, Penamacor, Penedono, Penela, Pinhel, Ponte de Sor, Portalegre, Portel, Porto Moniz, Porto Santo, Proença-a-Nova, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Sabrosa, Sabugal, Santa Cruz da Graciosa, Santa Cruz das Flores, Santana, São João da Pesqueira, São Roque do Pico, Sardoal, Sernancelhe, Sobral do Monte Agraço, Sousel, Terras de Bouro, Tondela, Torre de Moncorvo, Trancoso, Velas, Viana do Alentejo, Vila de Rei, Vila Flor, Vila Velha de Ródão, Vila Viçosa, Vimioso e Vouzela.

“Antes de julho vamos largar as máscaras”

Pedro Simas, virologista do Instituto de Medicina Molecular (IMM), considera possível que, ainda antes do mês de julho, as máscaras deixem de ser utilizadas.

Quando Portugal tiver “60% da população vacinada podemos libertar-nos da máscara para sempre”, disse, em declarações à TVI24, citado pela MultiNews.

“Penso que antes de julho vamos largar as máscaras porque vamos ter o exemplo dos outros países”, disse o especialista, sublinhando que o descarte do uso de máscara terá de ser gradual.

Neste momento, Portugal encontra-se “numa fase de transição”, mas já existe cerca de “45 a 50% de imunidade populacional, o que já é um muro muito alto de proteção”. O que significa que objetivo pode ser alcançado em breve, considerou.

“Neste momento, temos, felizmente, em Portugal, os grupos de risco todos protegidos com a vacinação, ou virtualmente todos, o que dá uma liberdade extra”, disse Pedro Simas.

“Sabemos que a taxa de reinfeção de pessoas vacinadas ou que estiveram infetadas é muito pequena”, no entanto, “esse comportamento, de não usar a máscara, ainda pode induzir em algum aumento de infeção”, acrescentou.

O especialista do IMM prevê também que a covid-19 se transforme num vírus “sazonal”, continuando “a existir no mundo como os outros quatro coronavírus”.

Já o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, garantiu no sábado que Portugal não está a equacionar a dispensa do uso de máscara por parte de pessoas vacinadas, devido à falta de robustez científica para avançar com essa medida.

“Tomámos a decisão de, mesmo após vacinação, manter a máscara, manter distanciamento e, portanto, manter as diretrizes da Direção-Geral da Saúde (DGS)”, afirmou António Lacerda Sales, nas Caldas da Rainha, considerando não haver “ainda robustez científica naquilo que é a possibilidade de transmissibilidade [do vírus], nomeadamente nos assintomáticos”.

Questionado pela agência Lusa, o secretário de Estado sublinhou que, após a vacinação, “o que há de robustez em termos científicos é que há uma imunogenicidade, por assim dizer, contra doença grave”. Mas, afirmou, o país não tem ainda “definição quanto a esse processo”, de a máscara poder vir a ser dispensada após vacinação.

“Bem pelo contrário”, o que o Governo recomenda é que “se mantenha o distanciamento, que se mantenha a máscara”, recomendações que Lacerda Sales acredita serão “as indicações nos próximos tempos”, embora, com a evolução dos conhecimentos científicos em relação à covid-19, os procedimentos “possam vir a ser adaptados e adequados a novas normas”.

ZAP // Lusa

6 Comments

  1. Sem ser especialista, e detestando as máscaras, importa lembrar que o Verão está a chegar e os estrangeiros virão em barda. Lembrar também o desconfinamento, e o facto de se saber muito pouco a respeito deste vírus, desde logo o facto de a maioria dos infectados ser assintomática. Não estaremos a pôr o carro à frente dos bois?
    Prudência e cautela recomendam-se

    • Ninguém pôs nada “à frente dos bois”; é apenas uma opinião e, como também está na notícia, a posição oficial é que as máscaras são para manter.

    • Sabemos muito pouco para ter certezas. Por exemplo, não há certezas se este Sars será igual, no seu comportamento, aos já existentes. Em muitos textos, no verão e outono passado glosei George RR Martin e o seu “o inverno está a chegar”. E chegou, as minhas piores expectativas de início de Outubro – 100 óbitos diários – foram pulverizados por três vezes esse número no período crítico. Nesta fase do processo não existem certezas, quer queiramos aceitar o facto ou não, somos cobaias na vacinação. O conhecimento que temos, a segurança adquirida, não dispensa precauções e vigilância, mesmo que se justifiquem, passo-a-passo, medidas de abrandamento. Penso que só depois da avaliação de resultados dos diversos invernos pós-vacinação, poderemos falar em controlo da situação, isto é, no confinamento do actual Sars. Entretanto, aumenta o número de especialistas que recomenda uma terceira dose de vacinação para os grupos de risco. Por mim, até Março/Abril próximos, continuarei a fazer o que tanto me incomoda: distanciamento social e máscara em espaços fechados com pessoas que não conheço.

      • Obrigado pela ajuda. Há umas semanas fiz um teste serológico. Deu positivo. Repetido o teste com igual resultado. Comuniquei ao SNS24 e cumpri com tudo. Fiquei a aguardar instruções que não chegaram. Liguei novamente e disseram-me que afinal podia fazer a minha vida normal. Que tinha sido um erro de algoritmo. Como não estava descansado paguei um teste. Resultado: não tinha COVID-19 nem a análise detectou anticorpos. Disse-me o responsável do laboratório a quem pedi que me explicasse o resultado: sabemos muito pouco sobre o vírus. Portanto, limitei-me a reproduzir as palavras de quem, seguramente, percebe mais do assunto do que eu….

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