Dizem-nos muitas vezes para não comer entre as refeições e há uma perceção generalizada de que petiscar não é saudável. Mas, como é habitual quando se trata de comida, a tentação prevalece e o frigorífico está ali tão perto…
O lambiscar é amplamente praticado (muitas vezes em sigilo) e parece haver uma perceção generalizada de que “não é saudável”.
Na década de 1970, os norte-americanos obtinham 18% das suas calorias de snacks; em 2010, essa percentagem subiu para 23%.
Contudo, estudos sobre o impacto do snacking na saúde são contraditórios: alguns mostram efeitos negativos, enquanto outros revelam o oposto.
Para clarificar, Sarah Berry, do King’s College London, analisou dados de um estudo feito entre 2018 e 2019 com cerca de 850 participantes, registando as suas refeições e medidas de saúde cardiovascular.
O estudo, publicado recentemente na Springer Nature Link, concluiu que 95% dos participantes petiscavam, com uma média de 2,28 snacks diários, representando 24% das calorias totais.
Contrariando a ideia generalizada, a investigação sugere que o ato de depenicar não causa problemas de saúde – antes pelo contrário.
Desde que seja regrado
Os resultados indicaram que o número de snacks diários, por si só, não influencia negativamente a saúde. Já a qualidade e o horário são, sim, fatores relevantes:
- snacks pouco nutritivos, como bolachas e batatas fritas, especialmente consumidos após as 21 horas, foram associados a efeitos negativos.
- Em contraste, frutos secos, sementes, frutas e vegetais consumidos mais cedo no dia mostraram benefícios, estando ligados a um peso e índice de massa corporal mais saudáveis.
Estudos adicionais citados pela New Scientist, reforçam a importância de snacks nutritivos antes das refeições.
Num estudo de 2022, pessoas que comeram nozes antes de um jantar ingeriram menos calorias na refeição, em comparação com os que não petiscaram nada. Isto sugere que snacks (desde que saudáveis) antes das refeições podem reduzir a fome e a ingestão total de calorias.
Berry também destaca a importância de se perceber o motivo por trás do ato de depenicar: muitos fazem-no por entretenimento e não por fome – e isso sim pode ser problemático.
Richard Mattes, da Universidade de Purdue, explicou à New Scientist que os petiscos planeados têm uma compensação calórica melhor, enquanto que aqueles que não são planeados tendem a aumentar a ingestão total de calorias.
“Quando é planeado, então a compensação [de calorias às refeições] parece ser mais forte. Quando se trata de um evento alimentar não planeado, geralmente é menos bem compensado e, por isso, a energia desses tipos de snacks tende a aumentar a ingestão diária total de energia”, esclareceu.
A grande conclusão é que lambiscar pode efetivamente ser saudável, desde que seja feito de forma saudável e equilibrada, com alimentos nutritivos e em horários adequados.
