Um novo estudo sugere que os lagos de metano líquido encontrados na superfície de Titã, a principal lua de Saturno, podem ter-se formado quando azoto aquecido explodiu debaixo da sua superfície.
De acordo com o Business Insider, esta teoria poderia resolver o mistério surgido quando a missão Cassini-Huygens da NASA enviou dados sobre estes lagos cheios de metano, situados perto do polo norte de Titã, que atingem centenas de metros de altura.
Esta foi uma descoberta que surpreendeu os cientistas, já que o processo de erosão que formou outros lagos nesta lua não poderia ter criado esses penhascos. Por outro lado, explosões de azoto aquecido teriam sido poderosas o suficiente para criar crateras que se tornaram nos lagos agora observados.
O estudo, publicado esta segunda-feira na revista científica Nature Geoscience, fornece novas evidências de que, há milhões de anos, a superfície gelada de Titã (-180 Celsius) era ainda mais fria — fria o suficiente para a existência de azoto líquido.
“Estes lagos com bordas íngremes, muralhas e aros elevados seriam um sinal de períodos na história de Titã, quando houve azoto líquido na superfície e na crosta”, disse num comunicado Jonathan Lunine, cientista da Cassini e coautor do estudo.
Os cientistas acham que a maioria dos lagos de Titã se formou quando o metano líquido dissolveu a rocha gelada da lua para esculpir reservatórios (tal como a água dissolveu o calcário para formar lagos na Terra). Mas os aros imponentes ao redor destes lagos, com dezenas de quilómetros de largura, sempre confundiram os cientistas, uma vez que a erosão desgasta a rocha.
“Na realidade, a morfologia era mais consistente com uma cratera de explosão, onde a borda é formada pelo material ejetado do interior da cratera. É um processo totalmente diferente”, afirma Giuseppe Mitri, que liderou a equipa internacional por detrás do estudo.
Durante as “eras glaciais” de Titã, os cientistas pensam que o azoto compôs a maior parte da sua atmosfera, caiu como chuva líquida e percorreu a crosta gelada, acumulando-se em piscinas abaixo da sua superfície.
Porém, o novo estudo sugere que, à medida que a concentração de metano aumentava (hoje é cerca de 5% da atmosfera de Titã), os bolsos subterrâneos de azoto líquido aqueceram e transformaram-se em azoto altamente explosivo. Esse gás expandiu-se rapidamente e explodiu, criando crateras na superfície de Titã.
Usando dados de radar do voo final da Cassini para Titã, a equipa descobriu que as formas dos lagos são realmente semelhantes às das crateras na Terra produzidas por explosões pela interação da água e de magma.
A NASA está a planear uma missão para explorar o oceano de Titã e para procurar possíveis condições que indiquem a existência de vida (passada ou presente). A missão, chamada Dragonfly, vai ter início em 2026 e deverá chegar a Titã em 2034.