Um novo estudo sugere que um determinado tipo de lago ártico pode não representar uma ameaça aos níveis globais de carbono, como pensávamos até agora.
O Ártico está a aquecer duas vezes mais rápido do que o resto do planeta – e esta, por si só, não é uma notícia feliz. Uma consequência desta tendência é o degelo do permafrost, uma camada da Terra que permaneceu congelada durante milhares de anos em algumas áreas. Este solo detém, atualmente, mais que o dobro do carbono encontrado na atmosfera.
Mas há agora uma boa notícia: um estudo recente sugere que um tipo particular de lago ártico pode não representar uma ameaça aos níveis globais de carbono, como pensávamos. Pelo menos para já.
Grande parte do Ártico está coberta pelo permafrost, a espessa camada de gelo que raramente se derrete. No entanto, há medida que o mundo aquece, perdemos o permafrost, fazendo com que o solo e a vegetação, congelados há centenas de milhares de anos, sejam expostos.
O impacto deste fenómeno é algo que assusta os cientistas, uma vez que o solo e a vegetação estão a armazenar, atualmente, o dobro da quantidade de carbono da atmosfera. Uma vez expostos, os micróbios do solo “mastigam” a matéria orgânica e libertam carbono como dióxido de carbono e metano.
Pesquisas anteriores deixaram os cientistas ainda mais preocupados, depois de descobrirem que alguns lagos do Ártico, conhecidos como termocársticos, podem fazer com que o permafrost ao seu redor derreta ainda mais rápido, acelerando a libertação de carbono profundamente congelado.
Mas há espaço para otimismo, graças a um novo estudo da Universidade de Washington e do Serviço Geológico dos Estados Unidos, que mostra que nem todos os lagos do Ártico estão a libertar carbono à mesma velocidade que os lagos termocársticos.
“Descobrimos que nem todos os lagos de alta latitude são grandes chaminés de carbono para a atmosfera e que os lagos na região não estão a processar muito permafrost nem a plantar carbono na terra”, disse o bioquímico Matthew Bogard, da Universidade de Washington, citado pelo ScienceAlert.
Para chegar a esta conclusão, os cientistas recolheram amostras de, pelo menos, 20 lagos da região de Yukon Flats, no nordeste do Alasca, durante junho e agosto de 2016 e abril de 2017. Para cada lago, a equipa mediu fatores essenciais como o carbono inorgânico dissolvido na água, temperatura e pH.
Em quase todos os lagos testados, não havia sinais de carbono antigo que havia sido libertado do permafrost. Desta análise, os cientistas concluíram que os lagos estavam a produzir menos emissões de carbono do que o esperado. O artigo científico foi recentemente publicado na Nature Geoscience.
No entanto, apesar da boa notícia, os cientistas ainda não sabem de que forma é que estes lagos podem mudam um clima mais quente, dado que esta é a primeira vez que são estudados. Além disso, alertam os cientistas,é preciso ter em conta que o nosso planeta está a aquecer a um nível sem precedentes.